Era gigantesca a responsabilidade de J.J. Abrams de fechar a saga Star Wars, depois de 42 anos e três trilogias. O diretor não arrisca e segue o caminho da tradição. A Ascensão Skywalker apela à emoção mais pura e genuína dos fãs, que estão com o coração na mão pela simples possibilidade de não voltar a rever seus heróis na tela grande. Em 2012, a Disney comprou a empresa do criador da franquia, George Lucas, e incumbiu Abrams de revitalizá-la. Então tenho minhas dúvidas se o estúdio não vai dar um jeito de seguir adiante. Os números são mais que encorajadores. O 8 episódios (Uma Nova Esperança, O Império Contra-Ataca, O Retorno de Jedi, A Ameaça Fantasma, O Ataque dos Clones, A Vingança dos Sith, O Despertar da Força e Os Últimos Jedi) ultrapassaram um total de US$ 7 bilhões. Isso sem contar os spin-offs Rogue One: Uma História Star Wars e Han Solo: Uma História Star Wars, que juntos fizeram quase US$ 1,4 bilhão na bilheteria.
Em uma retrospectiva ultrarresumida, a primeira trilogia narrou a batalha dos irmãos Luke Skywalker (Mark Hamill) e Leia Organa (Carrie Fischer) contra a tirania do Império. A segunda resgata a trajetória do pai dele, Anakin (Hayden Christensen), da infância, passando pelo treinamento Jedi e o casamento com a rainha Padmé (Natalie Portman), até a conversão para o lado negro da força, sob a alcunha de Darth Vader. A trilogia que termina agora avança ao futuro para honrar o legado Jedi pelas aventuras do ex-stormtrooper Finn (John Boyega), do exímio piloto Poe (Orcar Isaac) e da catadora de sucata Rey (Daisy Ridley). Sob o comando da princesa Leia, a trinca integra a Resistência e entra na guerra contra a Primeira Ordem, nova facção autoritária. De origem misteriosa, a órfã Rey tem poderes inimagináveis, assim como o vilão Kylo Ren (Adam Driver), que antes de migrar para o lado negro e se tornar líder da Primeira Ordem, era chamado de Ben por seus pais, Han Solo (Harrison Ford) e Leia.
Há uma química pulsante entre esses dois, um elo de amor e ódio tão forte que Kylo e Rey são capazes de se comunicar telepaticamente, ao ponto de se transportar mentalmente para o lugar onde o outro se encontra. Treinada como Jedi por Luke, Rey está pronta para o confronto com Kylo, que se prepara para dar o golpe final na Resistência com o amparo do monstruoso Palpatine (Ian McDiarmid). O imperador ressurge como uma espécie de Lorde Voldemort (da saga Harry Potter), atrás da energia alheia para dominar o mundo. J.J. Abrams tenta amarrar todas as pontas e até consegue, mas a narrativa é atabalhoada e de ação incessante. Fazem falta os respiros contemplativos do episódio anterior, dirigido por Rian Johnson, que davam maior densidade dramática aos protagonistas.
O epílogo é nostálgico. O diretor promove a aparição dos droids mais queridos – C-3PO, R2-D2 e a bolinha BB-8 –, apresenta o novato e pequenino D-0 e reserva momentos de glória para a Millenium Falcon. Como não poderia deixar de ser, Han Solo, Luke Skywalker e outros heróis clássicos também marcam presença. E para homenagear Carrie Fisher, que morreu em 2016, Abrams aproveita cenas filmadas anteriormente e forja uma despedida digna e tocante para Leia, a inspiração da nova geração da Resistência e o modelo maior de Rey. Chega de spoilers. A crítica tem lamentado a falta de inovação e ousadia do cineasta. Ele aposta no tiro certo, é verdade, mas arranca lágrimas pela maneira afetuosa com que enaltece os pilares da mitologia Star Wars: a vitória do bem contra o mal, a união faz a força, a importância da família (de sangue ou não), a redenção por amor. Quem um dia venha o Episódio X, XI, XII...
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Ficha Técnica
TÃtulo: Star Wars - A Ascensão Skywalker/Star Wars: Episode IX - The Rise of Skywalker
Direção: J.J. Abrams
Duração: 141 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2019
Elenco: Carrie Fischer, Mark Hamill, Adam Driver, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Ian McDiarmid, Domhnall Gleeson
Distribuição: Disney