Foi por princípio que Katharine Gun arriscou tudo e mais um pouco para tentar evitar a Guerra do Iraque. A justificativa dos Estados Unidos de George W. Bush para a ação militar era o suposto (e não encontrado) arsenal de armas de destruição em massa do ditador Saddam Hussein. Em 2003, Katharine trabalhava como tradutora do serviço de inteligência britânico quando sua equipe recebeu um e-mail confidencial em que a agência de segurança dos Estados Unidos pedia a espionagem de membros do Conselho de Segurança da ONU a fim de forçá-los a votar a favor da invasão do Iraque.
Ela vazou o documento, que terminou na capa do jornal The Observer, e foi parar na justiça como whistleblower – delator em português. Sua vida, óbvio, virou um caos. O diretor Gavin Hood gosta de temas espinhosos. Em 2006, Infância Roubada levou o Oscar de filme estrangeiro para a África do Sul com uma trama sobre o legado de horror do Apartheid na vida de um garoto. Nos thrillers O Suspeito e Decisão de Risco, o cineasta cutucou o “american way” de confrontar o terrorismo, e volta a questionar os métodos americanos em Segredos Oficiais, agora com participação dos ingleses.
Esse é o tipo da história real que pede para virar filme. Keira Knightley (Piratas do Caribe) colabora com a carga dramática necessária para essa mulher de coragem. Ralph Fiennes (007 Contra Spectre) marca presença como o advogado que peita muita gente graúda para justificar as atitudes dela, e Matt Smith (da série Doctor Who) e Matthew Goode (Downton Abbey) movimentam a narrativa como jornalistas investigativos. Destaque da última edição do Festival de Sundance e atração da Mostra SP, Segredos Oficiais mescla drama familiar com thriller político e filme de tribunal – dá um bom caldo.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Segredos Oficiais/Official Secrets
Direção: Gavin Hood
Duração: 112 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Reino Unido/EUA, 2019
Elenco: Keira Knightley, Ralph Fiennes, Matthew Goode, Matt Smith, Rhys Ifans, Jack Farthing
Distribuição: Diamond Films