Retrato do Amor

Escrita e dirigida por Ritesh Batra, realizador do premiado The Lunchbox, essa história de amor anda na contramão dos romances hollywoodianos. Se por um lado o ritmo lento e a cultura pudica geram um certo desânimo, por outro o mergulho no universo indiano é sempre um convite irrecusável. A questão premente em Retrato do Amor é o sistema de castas, uma forma de divisão social milenar na Índia e a barreira a ser ultrapassada pelos enamorados.

Rafi (Nawazuddin Siddiqui) migrou de sua vila para Mumbai com a missão de ganhar dinheiro e mandar para a avó que o criou – ela tem uma dívida a pagar. Seu instrumento é a câmera fotográfica, com a qual clica turistas no Portal da Índia, um dos mais famosos cartões-postais do país. Miloni (Sanya Malhotra) passou em primeiro lugar no concurso para estudar contabilidade. É de classe média e orgulho dos pais. Rafi fotografa Miloni e manda a imagem para a avó como se fosse de sua noiva - ele quer aplacar a pressão dela para que se case.

Quando a senhora anuncia que vem visitar o neto, o rapaz pede ajuda da jovem para manter a farsa. Esse arranjo um tanto implausível é a artimanha do roteiro para aproximar Rafi e Miloni, e deixar que suas diferentes realidades sociais atuem no pano de fundo desse amor tímido demais para os padrões ocidentais.

A dica é desacelerar e se deixar levar pelo compasso dos protagonistas, que expressam seus sentimentos pelas atitudes e não por palavras ou toques. É um exercício cinematográfico desafiador para o espectador desse canto do mundo, em que o calor humano latino dita as regras na arte da conquista. E, cá entre nós, é muito mais estimulante.

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