Palmer

Quando Eddie Palmer (Justin Timberlake, Trolls 2) volta para casa após cumprir pena de 12 anos por tentativa de assassinato, ele realmente quer retomar a vida honestamente. Mas não será fácil. Os colegas, a comunidade da pequena cidade da Louisiana, e até sua avó Vivian (June Squibb, Nebraska), que o criou, desconfiam de suas boas intenções. Os louros do jovem jogador de futebol americano de sucesso, um herói local, perderam-se no tempo atrás das grades.

Graças à Vivian, Palmer consegue emprego como faxineiro da escola, onde Sam (Ryder Allen), aos 7 anos, sofre bullying por gostar de roupas de menina e do programa de princesas na televisão. Querida na cidade, Vivian costuma acolher Sam quando a mãe dele, Shelly (Juno Temple, Malévola: Dona do Mal), desaparece, levada pelas drogas e pelo namorado violento. Dessa vez, no entanto, Shelly se demora mais do que o normal. Quando Vivian morre, é Palmer quem tem de cuidar do garoto. Eles se acompanham na solidão e vão mudar a vida um do outro, com o aval amoroso de Maggie (Alisha Wainwright), a professora de Sam. 

Se o roteiro de Palmer parece seguir um guia de boas maneiras, narrativas e sociais, como o faz, o grande risco é confundir o modelo consagrado com a mesmice. Algo que o ator (Brooklyn: Sem Pai Nem Mãe) e documentarista vencedor do Oscar, Fisher Stevens (A Enseada, Seremos História?), tenta amenizar na direção. Seu principal recurso é abrir espaço para a emoção na atuação do esforçado Justin Timberlake e do carismático estreante Ryder Allen, além de valorizar o tratamento inclusivo à questão de gênero, o elemento mais original do drama.

Stevens acerta na estratégia, sobretudo ao segurar a emoção em registro de contenção, diluída no estranho, mas cada vez mais afetuoso, cotidiano destes dois marginais involuntários, para explodir apenas em alguns momentos certeiros, embora previsíveis. É uma pena, porém, que direção e roteiro carreguem nas cores na única cena de sexo e na caracterização do vício de Shelly, um excesso que distancia Palmer de uma audiência mais familiar e diminui o alcance da abordagem afetiva e distinta da diversidade na infância.

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