Começa nesta sexta, dia 5 de novembro, o 16º Festival de Cinema Italiano, em formato híbrido. As sessões presenciais, com 16 títulos inéditos e recentes, vão até o dia 12 nas salas do Petra Belas Artes, em São Paulo. Esses mesmos filmes estão na mostra on-line e gratuita, que segue até 5 de dezembro e ainda inclui a retrospectiva “As mais belas trilhas sonoras do cinema italiano”, com 16 clássicos com trilhas compostas por mestres como Ennio Morricone e Nino Rota. Se o nível for o mesmo de Os Nossos Fantasmas, a atração da cerimônia de abertura, será um grande festival. Dirigida por Alessando Capitani, a produção é o ecletismo em cinema. Começa como filme de terror, envereda pelo drama social, passa pelo rito de passagem e se encontra como romance. Um caldeirão dos mais saborosos.
Na trama, um casal sai aos berros de um conjunto de apartamentos em Turim, depois de ser assombrado pelos fantasmas de um homem e um menino. Eles são Valerio (Michele Riondino) e seu filho de 6 anos, Carlo (Orlando Forte), que moram escondidos no sótão do apartamento do qual foram despejados. A dupla se prepara para aplicar o mesmo golpe na nova inquilina, Myriam (Hadas Yaron), que acaba de se mudar com sua bebê, Emma. Só que ela não tem medo do sobrenatural, porque sua realidade já é assustadora o suficiente. A insistente ligação de um tal Cristian (Paolo Pierobon) indica que Myriam está em fuga. A questão é como a dupla do sótão vai conseguir expulsar os “invasores” da vez.
Myriam encara seu drama com pragmatismo. Arranja um emprego e toca a vida enquanto enfrenta o temor de ser encontrada pelo marido abusivo. Já Valerio cria um mundo de fantasia para Carlo, porque nem ele mesmo sabe como lidar com a própria tragédia. Seu conterrâneo Roberto Benigni usou o humor e a imaginação para poupar o filho dos horrores de um campo de concentração no premiadíssimo A Vida é Bela. Desempregado e viúvo, Valerio envolve Carlo em um jogo de faz de conta para atenuar a dificuldade financeira e a ausência da mãe, que o garoto acredita ser uma viajante interestelar. Quando finalmente Myriam descobre a origem de tanto barulho noturno, uma nova dinâmica se estabelece no apartamento.
Quem observa a movimentação é o vizinho (Alessandro Haber), um ex-coronel solitário, também com os próprios imbróglios familiares, mas que insere algo de farsesco na narrativa. Não é nada simples comandar esse vai e vem de personagens, e o troca-troca de gêneros, mas o diretor Capitani parece encantado com o seu filme. Ele se enamora do próprio projeto e esse carinho impregna a tela. Os Nossos Fantasmas toca em temas mundanos, sofridos e alguns sem solução, mas não abandona a esperança. O final hollywoodiano pode até ser meio boboca, mais cai muito bem.
Serviço:
16º Festival de Cinema Italiano
Presencial - 5 a 12 de novembro
Petra Belas Artes
R. da Consolação, 2423 - Consolação, São Paulo - SP
On-line - 5/11 a 5/12
Exibições on-line e gratuitas
Sites:
festivalcinemaitaliano.com
belasartesalacarte.com.br
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Os Nossos Fantasmas/I Nostri Fantasmi
Direção: Alessandro Capitani
Duração: 90 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Itália, 2021
Elenco: Michele Riondino, Hadas Yaron, Orlando Forte, Alessandro Haber, Paolo Pierobon
Distribuição: Belas Artes à La Carte