Os Melhores Anos de Uma Vida é o fechamento da cultuada trilogia amorosa de Claude Lelouch. Em 1967, o cineasta francês ganhou a Palma de Ouro em Cannes e os Oscar de melhor filme estrangeiro e roteiro original por Um Homem, Uma Mulher. Na tela, Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant, ambos com seus 30 e poucos anos, são Anne Gauthier e Jean-Louis Duroc, dois viúvos recentes cujos filhos são colegas de escola. Ela é roteirista de cinema, ele um famoso piloto de corridas. Ao som de “Un Homme et Une Femme”, de Francis Lai, eles viveram um grande amor. Em 1986, Lelouch e seus astros realizaram Um Homem, uma Mulher: 20 Anos Depois, que não agradou e foi esquecido.
Não à toa, a segunda parte é ignorada pelo cineasta em Os Melhores Anos de Uma Vida, que reúne seus protagonistas 53 anos depois. E não só eles. Souad Amidou e Antoine Sire, intérpretes das crianças Françoise Gauthier e Antoine Duroc, também estão de volta, agora à beira dos 60 anos. Jean-Louis vive em uma casa de repouso no campo. A memória é oscilante e ele passa os dias solitário, em uma espécie de breu mental. Antoine está sempre presente e, com a intenção de animá-lo, decide procurar Anne, que tem lugar guardado nas lembranças fugidias do pai.
Ela é dona de uma loja em uma cidadela da Normandia, vive rodeada pela filha e a neta, e fica tocada com o pedido de Antoine para visitar Jean-Louis. O reencontro é no jardim do asilo, mas, para Jean-Louis, é como se a conhecesse pela primeira vez. Eterno Don Juan, ele faz galanteios e lhe conta sobre as mulheres de sua vida, e foram muitas. Mas coloca Anne no pedestal, aquela que ele perdeu por não estar à altura. Lelouch é econômico nos diálogos, que passeiam entre o humor e a melancolia. Sua câmera prescruta os amantes e o amor imenso entre eles se torna quase palpável.
O passado se alinhava ao presente com pinceladas a dedo do filme original. Se em Um Homem, Uma Mulher os flashbacks com os personagens em suas uniões anteriores eram coloridos e a trama principal em preto e branco, aqui o recurso se inverte. O enredo sofre com distrações, como a reaproximação dos antigos amigos de escola Françoise e Antoine, além da participação especial de Monica Bellucci como a filha que Jean-Louis teve em uma passagem pela Itália. Firulas desnecessárias.
Sobra lirismo, porém, na materialização dos desejos dele, que sonha fugir do asilo ao lado de Anne. Os dois caem na estrada no estilo Bonnie & Clyde, e fazem paradas em cenários emblemáticos como o quarto de hotel onde passaram a primeira noite e a praia em que andaram com seus filhos pequenos como uma nova família. Entre passado e presente, realidade e fantasia, os clássicos acordes de Francis Lai se entrelaçam à inédita “Les plus belles annés dúne vie”, composta por Lai (falecido em 2018) com letra de Didier Barbelivien, e interpretada por Calogero e Nicole Croisille. Uma beleza de canção. Os Melhores Anos de Uma Vida encerra a trilogia com uma suave e emocionante celebração do amor romântico.
Trailer
Ficha Técnica
Título: Os Melhores Anos de Uma Vida/Les Plus Belles Années d une Vie
Direção: Claude Lelouch
Duração: 90 minutos
País de Produção/Ano: França, 2019
Elenco: Anouk Aimée, Jean-Louis Trintignant, Marianne Denicourt, Souad Amidou, Antoine Sire, Monica Bellucci.
Distribuição: Pandora Filmes
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Comentários (1)
fiquei com muita vontade de de de assistir!!!!!
Veja sim Sandra, é muito emocionante.