domingo, 01 de junho de 2025
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O Último Duelo


O Último Duelo
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O Último Duelo é um filme de reencontros. Do diretor Ridley Scott com Matt Damon, a quem dirigiu em Perdido em Marte e que rendeu ao ator indicação ao Oscar 2016. De Matt Damon com Ben Affleck, que voltam a assinar um roteiro juntos 25 anos depois de Gênio Indomável, que premiou a jovem dupla com o Oscar de roteiro original. E também o reencontro do cineasta com o gênero épico histórico. Foi com Os Duelistas que Scott estreou na tela grande, em 1977, para desde então nos transportar para a antiguidade nas superproduções Gladiador (2000), Cruzada (2005), Robin Hood (2010) e Êxodo: Deuses e Reis (2014). Em O Último Duelo voltamos à França medieval, em plena Guerra dos Cem Anos.

Damon interpreta o nobre Jean de Carrouges, cavaleiro normando que em 1386 é informado pela esposa, Marguerite (Jodie Comer, vencedora do Emmy pela série Killing Eve), do estupro sofrido nas mãos do escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver, História de um Casamento), aliado de batalhas e atual desafeto de Carrouges. O escândalo público, a alegação de relação consensual de Le Gris e o processo judicial que se seguiu resultaram no último duelo até a morte autorizado pelo Parlamento de Paris. O golpe de mestre do roteiro é beber na fonte do clássico Rashomon (1950), de Akira Kurosawa, e desmembrar a narrativa em três pontos de vista, de Carrouges, Le Gris e Marguerite.

O Último Duelo

O fascinante jogo de perspectivas não existe no romance histórico de Eric Jager que inspirou o filme, e acaba de sair no Brasil pela Intrínseca. Lançado em 2004, o livro é fruto de uma década de pesquisa. O autor teve acesso a manuscritos da época e visitou inclusive o castelo dos Carrouges na Normandia. O material sobre Marguerite, contudo, era praticamente inexistente. Daí Damon e Affleck escalarem Nicole Holofcener, indicada ao Oscar pelo roteiro adaptado de Poderia Me Perdoar?, para ajudá-los no capítulo da personagem. O descrédito a que Marguerite é submetida e o fato de Carrouges fazer a acusação para defender a própria honra e propriedade – assim era considerada a esposa – aumentam a relevância e trazem para o presente um tema que, infelizmente, não sai da ordem do dia: a cultura do estupro.

É curioso, porém, que os desavisados da artimanha narrativa acompanham a primeira parte com certo enfadonho, sem saber onde o enredo pretende chegar. Pela visão de Carrouges adentramos a corte do Rei “menino” Carlos VI (Alex Lawther, Adeus, Christopher Robin), que herdou o trono aos 11 anos. Mas as atenções recaem sobre seu primo, o conde Pierre d’Alençon (Ben Affleck de cabelos descoloridos). Sujeito depravado que encontra no mulherengo Le Gris um parceiro de farras, d’Alençon não só coloca o escudeiro sob sua proteção como o promove e o presenteia com terras que seriam de Carrouges por direito.

O Último Duelo

Ao dar sua versão da história, Marguerite ergue-se como protagonista e endossa o levante pelos direitos da mulher. Não tivesse se feito ouvir, insistido na verdade do estupro e provocado a comoção que acabou por validar o duelo, teria sucumbido ao esquecimento como mais uma vítima de violência na sociedade patriarcal e machista. Ridley Scott trata o tema com elegância, cuidado e urgência. Ainda assim, sua marca em O Último Duelo se faz notar menos na narrativa e mais na virtuosa reconstituição da época e das batalhas. Com cinco câmeras rodando ao mesmo tempo, ele capta muito mais que três olhares. E, sim, a sequência do duelo é esplêndida.




Trailer

Ficha Técnica

Título: O Último Duelo/The Last Duel
Direção: Ridley Scott
Duração: 152 minutos

País de Produção/Ano: Reino Unido/EUA, 2021
Elenco: Matt Damon, Adam Driver, Jodie Comer, Ben Affleck, Harriet Walter, Alex Lawther, Marlon Csokas, Tallulah Haddon
Distribuição: 20th Century Studios

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Suzana Uchôa Itiberê

Suzana Uchôa Itiberê

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Cinéfila incorrigível, jornalista de plantão, crítica de cinema (não muito) chatinha e editora caprichosa. Cria do jornal O Estado de S. Paulo, trabalhou nas revistas TVA, Set, Istoé Gente e foi cofundadora da revista Preview. Membro da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).