Há 25 anos assisti a O Rei Leão na estreia nos cinemas, e me deixei encantar pela saga “shakespeariana” do pequeno herdeiro do trono da savana africana, que cai na cilada do tio usurpador, considera-se culpado pela morte do pai e parte para o exílio, onde vive como anônimo e de onde é resgatado por seu grande amor, para enfim tomar coragem e assumir o controle do reino. Comemorei os Oscar de melhor trilha sonora (Hans Zimmer) e canção (“Can You Feel the Love Tonight”, de Elton John e Tim Rice), e guardei a animação da Disney no coração.
Anos depois, perdi a conta de quantas vezes revi O Rei Leão com os filhos, e quem os têm sabe bem que “de novo” é o que a gente mais ouve quando gostam de algum filme. Não há dúvida de que essa memória afetiva serviu como bagagem positiva na hora de conferir o live-action capitaneado por Jon Favreau. O diretor e ator (Happy, braço direito do herói) de Homem de Ferro 1 e 2 já havia surpreendido com a nova versão de Mogli, o Menino Lobo (2016). Agora, avança no apuro visual com essa adaptação que passa fácil como documentário da National Geographic, tamanho o realismo das imagens geradas por computador.
O enredo segue fiel ao original. Tem a mesma grandiosidade da abertura, com o bebê Simba apresentado aos súditos, e carga extra de dramaticidade na sequência da morte do rei Mufasa no meio da manada de gnus. Depois da máxima “Carpe Diem” eternizada por Robin Williams em Sociedade dos Poetas Mortos (1989), nenhuma expressão é tão emblemática quanto “Hakuna Matata”, como o lema da vida despreocupada que os impagáveis Timão e Pumba transmitem para o leãozinho. Entre os estrelados dubladores, Billy Eichner e Seth Rogen roubam a cena como o suricate e o javali. Nem mesmo a leoa Nala, na voz de Beyoncé, chega a empolgar.
A trilha mantém as faixas de 1994 cantadas pelo novo elenco, e adiciona a novidade “Spirit”, de Beyoncé. É bonita, mas esquecível. Não tem a potência e nem a relevância lírica de “Speechless”, solo inédito da personagem Jasmine (Naomi Scott) no recente live-action de Aladdin. A falta de expressão facial dos animais é um fato e compromete um tantinho a emoção, um deslize que a técnica de captura de movimento poderia evitar. O Rei Leão do século 21 é muito lindo, a incógnita é se os fãs vão sentir a mesma magia da animação. Eu embarquei...
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: O Rei Leão/The Lion King
Direção: Jon Favreau
Duração: 118 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2019
Elenco: Com as vozes originais de Donald Glover, Beyoncé, Seth Rogen, Chiwetel Ejiofor, John Oliver, James Earl Jones, John Kani, Alfre Woodward, Billy Eichner
Distribuição: Disney