Em tempos de Lava Jato, O Rei de Roma diz muito ao espectador brasileiro. É uma Itália bem distante dos cartões postais que se vê nessa comédia dramática, cujo maior trunfo é o olhar crítico do cineasta Daniele Luchetti (Meu Filho Único).
Numa Tempesta (Marco Giallini) é um bilionário solitário, que nem casa tem. Ele mora nos hotéis que compra para revender. É dinheiro que não acaba mais. Condenado por fraude fiscal, Tempesta chega com a Maserati na instituição onde vai prestar um ano de serviços sociais, para escapar do xilindró.
Se fosse uma produção hollywoodiana, pode ter certeza de que a convivência com indigentes transformaria o caráter desse especulador nato. Que nada. Nessa trama de humor ácido não há lugar para hipocrisia. Tempesta vai, sim, mudar a vida dos novos amigos, mas do seu jeito.
Claro que há espaço para a emoção e, esperto, o cineasta coloca uma criança na jogada. Nicola (o carismático Francesco Gheghi) é o filho de Bruno (Elio Germano), o pai solteiro e sem-teto que se aproxima de Tempesta. O garoto é observador, registra tudo o que o magnata diz, inclusive detalhes sobre o passado humilde e a relação com o pai abusivo.
O Rei de Roma envolve o público e, embora o final seja adocicado, o retrato que Luchetti faz da Itália atual é realista e nada animador.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: O Rei de Roma/Io Sono Tempesta
Direção: Daniele Luchetti
Duração: 97 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Itália, 2018
Elenco: Marco Giallini, Elio Germano, Marcello Fonte
Distribuição: Pagu Pictures