O Pai

Começa no enterro de Valentina, esposa de Vasil (Ivan Savov) e mãe de Pavel (Ivan Barnev). Uma intercorrência envolvendo fotos da morta na hora de fechar o caixão reflete a conturbada relação entre pai e filho. Pavel é fotógrafo e publicitário, vive com a esposa em Sofia, a capital da Bulgária. Já Vasil fez carreira como artista plástico em uma pequena cidade do interior. Ele não está bem da cabeça. Diz que Valentina está tentando terminar a conversa que tiveram na noite da morte, mas que foi interrompida abruptamente. Quando uma parente surge aos gritos contando que recebeu uma ligação da falecida, Vasil decide procurar um vidente local para se comunicar com o além.

Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Karlovy Vary, O Pai deveria chegar aos cinemas brasileiros em março, mas por conta da Covid-19 a distribuidora Pandora decidiu lançá-lo com exclusividade na plataforma Belas Artes à La Carte, por R$ 12,90. A trama é livremente inspirada em eventos ocorridos na família do casal de diretores Kristina Grozeva e Petar Valchanov – a mesma dupla dos também premiados A Lição (2014) e Glory (2016). Esses dois filmes podem ser adquiridos através de um pacote promocional junto com O Pai, por R$ 15,90. Vale a pena.

O Pai usa o subterfúgio sobrenatural para se debruçar sobre uma questão muito terrena: a reconfiguração da família sem o elo materno, com o agravante da senilidade paterna. Vasil e Pavel têm pouco em comum. O veterano é místico e libertário, enquanto seu filho é burguês, cético e não se encaixa nos costumes da cidadela em que cresceu. Enquanto tenta impedir o pai de se meter com o guru picareta, Pavel conta uma série de mentiras para a esposa ao telefone, que acredita que ele está viajando a trabalho. O porquê da farsa não fica claro.

O ritmo é lento, mas os diretores não se alongam e mesclam a melancolia com uma inspirada comicidade. As tentativas de Pavel de conseguir uma geleia de marmelada caseira encomendada pela mulher são de refinado pastelão. Os diretores colocam os pontos nos is no mistério espiritual, e fazem novo uso da marmelada. Desta vez, porém, para forjar um fechamento doce em todos os sentidos.

Ficha Técnica

Assista Agora!