O Melhor Presente é o Amor

Sharon Stone foi talvez o maior ícone sexual do cinema americano nos anos 1990. Com a cruzada de pernas (sem calcinha) mais famosa de Hollywood em Instinto Selvagem (1992), ela tirou do sério o personagem de Michael Douglas. Há também memoráveis sequências sensuais em Invasão de Privacidade (1993), com William Baldwin, e em O Especialista (1994), no qual a  loira arrasa quarteirão despertou um lado mais sedutor no até então brucutu Sylvester Stallone. Sharon foi indicada ao Oscar por Cassino (1995), dirigida pelo mestre Martin Scorsese, ao lado de Robert De Niro. Dos anos 2000 em diante, fez participações especiais em bons filmes e séries, mas não voltou a brilhar.

O Melhor Presente é o Amor, cujo título em português desmerece o original, o bem mais sutil All I Wish (Tudo o que Eu Desejo), traz a estrela de volta como protagonista. Embora tivesse 59 anos na época das filmagens, ela interpreta a solitária Senna, na trama que percorre seus aniversários dos 46 aos 52 anos. Avessa a casamento, mas muito disponível para as coisas boas da vida, a personagem ainda não realizou o desejo de ser designer de moda e assinar a sua própria coleção.

Nos próximos seis anos, no entanto, tudo pode mudar. Mesmo com a desconfiança de sua exigente mãe (Ellen Burstyn, de O Conto), Senna conta com a amizade a toda prova de Darla (Liza Lapira) e vislumbra até uma vida a dois com Adam (Tony Goldwyn, da série Scandal), o advogado bem-sucedido e careta que Darla “armou” para ela. A demissão da loja de Vanessa (Famke Janssen, da saga X-Men), para quem fazia compras, mas nunca agradava, com seu estilo despojado de ver a moda, pode ser o início de uma grande virada em sua vida.

Mas nem Senna nem o roteiro e a direção da estreante Susan Walter parecem amadurecer o suficiente. Ou a tempo. A personagem com seu medo do compromisso e sucesso tardios, e a diretora com sua inexperiência para construir diálogos e cenas consistentes, como se esperaria de uma comédia romântica para adultos – uma ideia bastante interessante como gênero, diga-se de passagem. Ambas caminham para um epílogo anunciado. Mas o brilho de Sharon Stone está em cena, sem ofuscar as boas atuações da veterana Ellen Burstyn, da simpática Liza Lapira e do surpreendentemente divertido Tony Godlwin. Vida longa para Sharon.

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