O Melhor Está Por Vir

É preciso atores da categoria de Fabrice Luchini (O Mistério de Henri Pick) e Patrick Bruel (Os Meninos Que Enganavam Nazistas) para evitar a pieguice em uma comédia de erros como O Melhor Está Por Vir. A morte está no centro da narrativa, daí a armadilha, mas os protagonistas lançam mão de um humor cínico que atenua a gravidade da situação.

Arthur (Luchini) e César (Bruel) são inseparáveis amigos de infância, apesar das personalidades opostas. Arthur é um médico contido, divorciado, pai de uma adolescente e um tanto neurastênico. César é um tipo elétrico, sedutor inveterado, sempre com grana curta, mas com uma postura otimista diante da vida. Quando sofre um acidente caseiro, usa o cartão do seguro saúde do amigo para tirar uma radiografia. Aí começa a confusão.

O médico apresenta o resultado a Arthur, crente de que o pulmão tomado pelo câncer é o dele. Em vez de abrir o jogo, Arthur troca os pés pelas mãos e, quando se dá conta, César pensa que é o amigo quem tem meses de vida. O mal-entendido cria situações por vezes estapafúrdias, e é em ritmo de descompasso que o enredo ergue sua tese sobre a amizade em tempos difíceis.

O Melhor Está Por Vir é a segunda colaboração entre Bruel e os roteiristas e diretores Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière, depois do superior Qual o Nome do Bebê (2012). Os cineastas se mantêm na superfície ao abordar temas densos, mas Luchini e Bruel formam uma dupla magnética e seguram as pontas do início ao fim.

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