O Homem Ideal?

Apesar de assumir a influência do teatro de Neil Simon (A Garota do Adeus, California Suite, Metido em Encrencas), premiado dramaturgo e roteirista hollywoodiano apaixonado por Nova York, a estreia do catalão Carles Alberola no cinema se parece muito mais com um Woody Allen à espanhola. Com premiada carreira na televisão e no teatro espanhóis, Alberola escreve, dirige e protagoniza O Homem Ideal?, adaptação de sua peça para a telona.

Rubén (Alberola), o protagonista, é um escritor e professor de literatura cinquentão, culto, solitário, deprimido, desajeitado e irônico, a quem um casal de amigos muito querido, Jaume (Alfred Picó) e Raquel (Cristina Garcia), decide ajudar levando uma amiga para um jantar na casa dele. Mas a moça cancela, a provável substituta também e quem acaba aparecendo é a irmã “pantera” e depressiva de Raquel, Pilar (Rebeca Valls).

Em meio às trapalhadas para finalizar o cardápio, Jaume confessa a Rubén traições, inclusive com a cunhada que está para chegar. Já Raquel tenta seduzir Rubén, enquanto Pilar tenta provocar o ex-amante a qualquer custo. Obviamente, a noite se transforma na crônica de uma catástrofe anunciada, embora com seus momentos de humor e um desfecho otimista.

Tudo isso acontece em ritmo de vaudeville, com o entra e sai dos personagens no pequeno apartamento – todo decorado de vermelho – de Rubén. É uma troca de farpas e afetos com direito a inesperadas revelações. A questão é que Woody Allen só tem um. A ironia de Rubén em meio a citações de clássicos da literatura perde força ao longo do filme, e o desenho raso dos coadjuvantes mantém a trama perigosamente próxima do clichê, apesar do bom desempenho do elenco, com os atores originais da peça que deu origem ao filme.

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