O Grito

Diz uma lendária crença japonesa que quando a pessoa morre em uma situação de ódio, ela deixa para trás uma maldição, um desejo latente por vingança e violência, que pode se espalhar por todas as partes. Com esse mote amedrontador, o diretor e roteirista japonês Takashi Shimizu lançou em 2000 Ju-on: A Maldição 1 e Ju-on 2, duas produções de baixo orçamento que se tornaram as pedras fundamentais da franquia O Grito. Lançado em 2002, O Grito original dá seguimento a eventos ocorridos nos dois primeiros, e ainda houve O Grito 2, que estreou em 2003.

A produção japonesa caiu no gosto do grande público mundialmente e, como não poderia deixar de ser, ganhou uma versão americana em 2004 e a continuação em 2006, ambas dirigidas por Shimizu. O chamariz desses remakes foi o aval de Sam Raimi, que assinou como produtor. Criador de filmes de terror cultuados como a cinessérie Uma Noite Alucinante e A Morte do Demônio, Raimi quer aterrorizar a geração Centennial com a nova versão de O Grito, agora sem nenhum envolvimento de Shimizu.

A história escrita e dirigida por Nicholas Pesce (Os Olhos da Minha Mãe) não nega a raiz e começa no Japão, de onde uma americana “importa” o espírito atormentado. Nos Estados Unidos, a força maligna se instala na 44 Reyburn Drive e promove mortes horrendas. A questão é que a narrativa se divide triplamente. No presente, a policial Muldoon (Andrea Riseborough, de Oblivion) e seu parceiro (Demián Bichir, de Os Oito Odiados) investigam a identidade de um corpo em um carro, o que os leva até aquele endereço. Na medida em que a detetive analisa crimes anteriores ocorridos na residência, o diretor entre e sai de flashbacks para revelar como tudo aconteceu.

Nessa confusa rede de horrores há mortes envolvendo a família da americana vinda do Japão, do corretor (John Cho, de Buscando...) de imóveis que faz a gestão do local, do casal de idosos (os excelentes Frankie Faison e Lin Shaye) que se muda para lá e de qualquer um que tenha pisado dentro da casa – o que inclui a própria Muldoon, que começa a ter estranhas visões. O Grito é um amontoado de clichês do gênero, com um enredo disperso que força a barra para ligar todas as pontas. O elenco, porém, é ótimo e coloca o público no clima sem esforço. Dá medo, tem bons sustos e diverte? Sim, isso não dá para negar.

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