O Último Vermeer

Moça com Brinco de Pérola é o mais famoso quadro do holandês Johannes Vermeer (1632-1675), dono de uma produção pequena, de cerca de 35 quadros. A origem da pintura, inclusive, ganhou uma versão ficcional no filme de mesmo nome, estrelado por Scarlett Johansson (História de um Casamento) e Colin Firth (O Mestre dos Gênios) em 2003. Em O Último Vermeer, outra obra do artista está no centro de um escândalo histórico.

Durante a Segunda Guerra, o líder nazista Hermann Göring, na ânsia de se tornar um dos maiores colecionadores de arte da Europa, desembolsou o equivalente a US$ 80 milhões de hoje pela obra de Vermeer, Cristo com a Mulher Surpreendida em Adultério. O negócio tornou milionário um pintor frustrado da alta-sociedade holandesa, chamado Han van Meegeren. Preso pelas tropas aliadas em maio de 1945, Meegeren foi acusado de colaboracionismo por ter efetivado a transação.

No filme dirigido pelo estreante Dan Friedkin, Guy Pearce (Duas Rainhas) e Claes Bang (Tudo Pela Arte) interpretam Meegeren e o capitão Joseph Piller, responsável pela investigação. A princípio, a suspeita é de que a comercialização das artes seja fachada para um esquema de espionagem alemã. Se você não conhece a história real, não pesquise antes de assistir a O Último Vermeer, porque a forma com que Meegeren tenta se provar inocente é digna de cinema.

O julgamento que pode condená-lo à morte é o ponto alto da produção, com um debate instigante sobre autenticidade artística. Inspirado em romance de Jonathan Lopez, o enredo preocupa-se com o desenho dos personagens, Piller em especial. Judeu e membro da resistência holandesa, agora oficial dos aliados, Piller tem em mãos um caso midiático que o coloca sob os holofotes. Enquanto o prisioneiro fica sob seu poder, porém, ele precisa lidar com o casamento deteriorado e a concorrência de um time da polícia local, determinado a jogá-lo para escanteio e tomar a custódia do réu.

O enigmático, libertino e blasé Meegeren é bem mais cativante que o fictício protagonista e quem, no fim das contas, entrou para os anais da História. A improvável amizade entre esses dois homens, poucos dias depois da derrocada nazista, demandava um clima de maior tensão, apesar das cenas de execução públicas. O cineasta Friedkin nem sempre acerta o tom, mas O Último Vermeer resgata um episódio surpreendente que pôs em xeque os métodos de avaliação e autenticação de obras de arte.

Ficha Técnica

Assista Agora!