Nada é por Acaso

"Confie em Deus e creia que nada acontecerá por acaso. A vida é a grande mestra que nos ensina sempre, torna-nos mais conscientes, faz-nos amadurecer.” A mensagem é de Zíbia Gasparetto (1926-2018), médium e autora de mais de 50 livros psicografados, com cerca de 18 milhões de exemplares vendidos. Nada é Por Acaso, romance ditado pelo espírito Lucius, é o primeiro a ser adaptado para o cinema.

Por acaso, ou não, é também o primeiro longa do diretor Márcio Trigo, de séries como O Sítio do Pica-Pau Amarelo e Xilindró. “Acredita que minha ex-mulher, que é espiritualista e me apresentou os livros da Zíbia tempos atrás, disse que eu faria um filme de uma obra dela?”, revela o cineasta em papo com OQVER. “Da onde ela tirou isso, não tenho a menor ideia, mas aqui estou e fico até arrepiado."

Outra curiosa coincidência envolve as duas protagonistas, Giovanna Lancellotti e Mika Guluzian (veja entrevista em vídeo a seguir), que contracenam pela primeira vez. “Fiquei com a pulga atrás da orelha porque, de todas as atrizes, a única que conheci antes de iniciar a carreira foi a Giovanna”, revela Mika. “Num filme com esse título e sobre ligações tão fortes, reencontrar alguém da minha juventude e que acredita no espiritismo como eu? Tinha de ser”, completa Giovanna.

Na trama, Giovanna interpreta Marina, uma advogada de Curitiba que tem R$ 5 milhões depositados na conta em troca de um misterioso acordo. Já Mika é Maria Eugênia, filha de uma milionária com quem vive às turras, enquanto cuida do filho bebê e enfrenta uma crise no casamento. Não é só: ela ainda sofre chantagem de um francês picareta (Fernando Alves Pinto), com quem teria tido um caso. O elo entre as duas é o terapeuta feito por Rafael Cardoso, que se envolve romanticamente com Marina, ao mesmo tempo que atende Henrique (Tiago Luz), marido de Maria Eugênia.

Vidas passadas, amizade, culpa e redenção estão no pacote do romance folhetinesco sobre laços de afeto. “Vários livros, não só da Zíbia, mas do Chico (Xavier), tratam de laços de desafeto e as coisas se resolvem pelo lado ruim”, explica o cineasta. “Escolhemos o Nada é por Acaso pela mensagem de amor e de amizade que atravessa o tempo.” O enredo é meio piegas, com soluções prontas e um desvio policialesco que beira o ridículo, mas as questões espirituais são intrigantes.

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