Mulher Oceano

Djin Sganzerla tem uma fala suave, delicada. Transmite paz. Esse jeito de ser está estampado na tela em seu primeiro longa, Mulher Oceano, embora as duas protagonistas, que ela mesma interpreta, não estejam em um período de tranquilidade. Em crise no casamento, Ana acaba de se mudar para Tóquio, onde pretende escrever seu novo romance. Ela se vê instigada por suas experiências no Japão e por uma das últimas cenas que presenciou no Rio de Janeiro: uma nadadora rasgando o horizonte com vigorosas braçadas em mar aberto.

É assim que conhecemos Ana, executiva carioca que considera aceitar uma promoção e se mudar para Campinas, em São Paulo, enquanto se prepara para fazer a travessia oceânica de 35 quilômetros do Leme ao Pontal da Barra. São duas mulheres em momento de transição, de questionamento e com forte ligação com o mar.

Djin cria imagens lindas e subjetivas para investigar o âmago de Hannah e Ana. Escrito em parceria com Vana Medeiros, o roteiro deixa o enigma da natureza de Ana para o espectador desvendar. Seria ela personagem do livro de Hannah, a própria essência da escritora ou uma mulher de verdade e com vida própria? Esse jogo cênico é estimulante.

Atriz conhecida por filmes independentes como Falsa Loura, A Moça do Calendário e O Signo do Caos, Djin tem cinema no sangue. É filha da atriz e cineasta Helena Ignez (Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha) e do cineasta Rogério Sganzerla (O Bandido da Luz Vermelha), falecido em 2004. Apesar da influência dos pais, sua estreia na direção de longas é autoral, cheia de personalidade e muito feminina.

A própria Djin conta detalhes do belo Mulher Oceano na entrevista abaixo.

Ficha Técnica

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