O documentário francês Mulher tem uma dedicatória bastante especial de seus diretores, a jornalista e cineasta ucraniana Anastasia Mikova e o fotógrafo e documentarista francês Yann Arthus-Bertrand (Humano – Uma Viagem Pela Vida): “Antes de tudo, esse filme é uma mensagem de amor e de esperança enviada a todas as mulheres do mundo”. O filme é uma das ações do projeto Mulher (http://www.woman-themovie.org), concebido pelos cineastas para que 2 mil mulheres de 50 países soltassem a voz e o verbo sobre suas experiências e concepções de vida, num registro íntimo, autêntico, comovente e revelador.
São essas as emoções que o projeto transfere ao filme, e muitas outras. Os depoimentos são levemente organizados em torno de temas como educação, relacionamentos, maternidade, sexualidade, agressão, abuso, estupro, câncer, guerra, vida e morte, força e alegria. Mulher é um caleidoscópio, inacreditavelmente abrangente em forma e conteúdo, da mulher no mundo, na acepção mais substantiva e inclusiva do gênero. Não tem como não se irmanar na constatação, simples e dolorida, de que o caminho para a emancipação plena ainda é muito longo. Nem deixar de vibrar com as iniciativas individuais e coletivas, como o próprio projeto Mulher, de mulheres que aproveitam os vãos da injusta sociedade patriarcal para conquistar espaços e abrir caminho para o futuro.
Exibido no Festival de Veneza, onde recebeu o Prêmio Sfera 1932, concedido ao filme mais comprometido com a sustentabilidade e qualidade de vida da humanidade, Mulher tem no epílogo uma sequência belíssima de dança vertical do grupo Bandaloop, que encerra o sentido ético e estético do que se viu até ali. Mulheres chefes de estado, esposas, fazendeiras, indígenas, tribais, empresárias, esquimós, de todas as idades, nacionalidades, de todos os costumes e credos, se equilibram na corda bamba das duplas jornadas, multitarefas, da sensibilidade, beleza, indignação, em suas casas, tribos, ruas, vilas, cidades, em seus quintais, escritórios.
Destaca-se ainda no documentário, além do hercúleo trabalho da direção, a fotografia firme como as mulheres que enquadra, a edição minimalista e a trilha sonora sensível de Armand Amar (O Concerto), além da canção composta especialmente para o filme, “No More Fight Left In Me”, na voz da francesa Imany. Eu assisti com minha mãe, de 85 anos, que se surpreendeu, indignou, comoveu. Mas quando surgiram na tela as mulheres rindo, ela sorriu, e disse: “Os homens não sabem rir como as mulheres, a gente é mais alegre”.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Mulher/Woman
Direção: Anastasia Mikova, Yann Arthus-Bertrand
Duração: 105 minutos
PaÃs de Produção/Ano: França, 2019
Elenco:
Distribuição: Imovision