O discurso de Yuh-Jung Youn ao ganhar a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante foi o ponto alto da (morna) cerimônia do Oscar 2021. Com humildade e bom humor, a sul-coreana comemorou poder conhecer Brad Pitt pessoalmente, agradeceu aos dois filhos por terem-na “mandado” sair de casa e trabalhar, e justificou ter vencido as outras indicadas por sorte, “talvez pela hospitalidade americana para os coreanos”. Primeira artista sul-coreana da história a ganhar um Oscar de atuação, a senhora de 73 anos é uma figura fora de cena. Mas seu enorme carisma é também um dos trunfos de Minari - Em Busca da Felicidade, escrito e dirigido por Lee Isaac Chung.
Nascido em Denver, no Colorado, Chung escreveu Minari a partir de suas memórias do crescer nos Estados Unidos dos anos 1980, como filho de imigrantes sul-coreanos que chegaram ao país na esperança de realizar o “sonho americano”. Esse é também o desejo do protagonista, Jacob (Steven Yeun, indicado ao Oscar pelo papel), que desiste de tentar a vida na Califórnia para arriscar tudo ao comprar uma fazenda no interior do Arkansas. Ali ele pretende plantar vegetais coreanos, de olho nas demandas da crescente comunidade asiática no país. A esposa Monica (Yeri Han) não gosta nada da casa-trailer com que se depara e muito menos do trabalho como identificadora do sexo de pintinhos em uma granja.
O casal tem dois filhos, a certinha Anne (Noel Cho) e o sapeca David (Alan Kim), que sofre de um problema no coração. É para ajudar com os pequenos que Monica traz a mãe da Coreia do Sul. Soonja é a personagem de Yuh-Jung Youn, uma senhora muito simples, com pouca instrução e pra lá de desbocada, que o neto reclama por não ter nada das avós tradicionais. Sem falar uma palavra em inglês e com seu olhar singelo sobre a vida, ela será o fator transformador desse pequeno clã que ainda não encontrou seu lugar naquele novo mundo. Se sua presença ao mesmo tempo ajuda e bagunça a rotina da família, é Paul (Will Patton), o americano que trabalha com Jacob no plantio, quem reaproxima os patrões da religião. É outro tipo simplório que o diretor Chung coloca a serviço de uma trama que toca o espectador pela sensibilidade com que explora a dificuldade de ser um estranho no ninho americano.
Sem pompa, mas como muito lirismo Minari é um digno drama familiar – um tantinho sentimental, é verdade. O cineasta fala com propriedade sobre o que é ser imigrante, mas imprime na tela sua fé de que a conexão entre diferentes culturas pode dar à luz um futuro possível. Minari é também o nome de uma planta comestível típica da Ásia, conhecida como agrião coreano, ou salsa japonesa. Soonja traz as sementes na bagagem e planta às margens de um riacho, num ritual poético que entretém o neto David. Minari tem a característica de florescer e morrer rápido da primeira vez, para renascer com força na segunda florada. É isso, não arrefecer e não perder a esperança jamais.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Minari - Em Busca da Felicidade/Minari
Direção: Lee Isaac Chungh
Duração: 115 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2020
Elenco: Steven Yeun, Yuh-Jung Youn, Alan Kim, Yeri Han, Noel Kate Cho, Will Patton
Distribuição: Diamond Films
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