A maior cantora de ópera do século 20 - até agora insuperável -, Maria Callas documenta a si mesma na preciosa coleção de imagens resgatadas e organizadas pelo cineasta Tom Volf, no documentário Maria Callas - Em Suas Próprias Palavras. Tanto em entrevistas quanto na narração em off (voz de Fanny Ardant) de cartas que escreveu, ela fala da infância roubada pela mãe ambiciosa e severa, que abreviou seus estudos e lhe imputou a carreira de cantora em um movimento que prefere se referir como destino. Sequências colorizadas de seus espetáculos dão uma mostra do talento sem tamanho, e o cineasta mantém as canções na íntegra. É de arrepiar.
Para os leigos ou desinteressados em ópera, a atribulada vida pessoal é uma atração à parte. Filha de imigrantes gregos, Maria é legítima nova-iorquina do Brooklyn. A fama de diva tempestuosa, que cancelava apresentações em andamento e fazia desafetos nos bastidores, recebe uma justificativa muito humana da estrela que viveu sob a égide da tragédia. Embora lamentasse não ter tido o que chamava de "uma vida normal como mãe de família", a soprano debitou o desvio de planos também ao destino. Na hora de se separar do marido e empresário Giovanni Battista Meneghini, porém, se mostrou à frente de seu tempo, já que na época o divórcio era proibido.
O tórrido romance com o magnata grego Aristóteles Onassis, e o posterior abandono quando ele a trocou por Jackie Kennedy, também estão destacados em cenas da intimidade de Maria. A diva vivia cercada de gente, mas era uma celebridade solitária. Quando a voz começou a decair, a depressão veio junto. La Callas completaria 99 anos em dezembro, não tivesse um fulminante enfarte a vitimado aos 53 anos, em 1977.
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Ficha Técnica
TÃtulo: Maria Callas - Em Suas Próprias Palavras/Maria by Callas
Direção: Tom Volf
Duração: 113 minutos
PaÃs de Produção/Ano: França, 2017
Elenco: Maria Callas, Aristóteles Onassis, Pier Paolo Pasolini
Distribuição: Imovision