Foram oito meses eletrizantes. Fama e sucesso. Repentino e efêmero. O primeiro e único álbum da banda Os Mamonas Assassinas foi lançado em 23 de junho de 1995. Com estilo debochado e letras irreverentes que hoje dificilmente passariam pelo crivo do politicamente correto, o quinteto fez rir e cantar. Primeiro a moçada de Guarulhos, em São Paulo, depois o Brasil inteiro. Chegaram e partiram como um relâmpago. Em 2 de março de 1996, voltavam de um show em Brasília, o último da primeira turnê, quando o avião se chocou contra a Serra da Cantareira. Sem sobreviventes e uma nação em luto.
A tragédia não está no enredo de Mamonas Assassinas: O Filme, que homenageia e resgata a trupe que partiu há 27 anos e deixou mais que saudades. Ficou o legado da originalidade, da ousadia, da coletividade e, especialmente, da resiliência dos que perseguem um sonho até realizá-lo. É da emoção que se alimenta a história escrita por Carlos Lombardi, autor de novelas como Pé na Jaca e Bang Bang. O tom ingênuo é reforçado pela direção de Edson Spinello, da série juvenil Malhação. É uma produção singela, sustentada por um elenco de desconhecidos cheios de garra, assim como foram seus personagens.
OQVER conversou com Ruy Brissac, que já viveu o vocalista Dinho no musical sobre a banda, e Beto Hinoto, que interpreta seu tio, o guitarrista Bento Hinoto (veja vídeo a seguir). Rhener Freitas faz o baterista Sérgio Reoli, Adriano Tunes assume o baixista Samuel Reoli, e Robson Lima é Júlio Rasec, responsável por teclado, percussão e vocais. “Voltar para os anos 90, entender a época e as gírias foi muito importante para a construção do personagem”, comenta Brissac sobre a cuidadosa reconstituição. “Aprendi a tocar guitarra na adolescência inspirado pelo Bento, via muitos vídeos dele e estar nesse projeto foi uma questão de honra, de querer deixar minha família contente com a atuação”, completa Hinoto.
O que nem todo fã sabe, e o filme conta, é que o plano original era fazer rock progressivo com uma banda chamada Utopia. A trama parte desse ponto, da atabalhoada formação do grupo e do jogo de cintura para se dividir entre o sonho musical e trabalhos diversos para pagar boletos. Aliada a uma boa dose de improviso, a autenticidade foi a chave do sucesso. Assim nasceram clássicos como "Pelados em Santos", "Vira-Vira" e "Robocob Gay". Mixado em um estúdio em Los Angeles, o disco vendeu mais de 3 milhões de cópias. A tietagem também está na narrativa, com romances e outras peripécias desses jovens que experimentaram um sucesso meteórico.
Mamonas Assassinas: O Filme é cinema popular. Chega na onda de cinebiografias musicais recentes, como Meu Nome é Gal e Nosso Sonho, este último com a trajetória de Claudinho e Buchecha, também abreviada por um acidente fatal. Com idades entre 22 e 27 anos, os integrantes do Mamonas foram enterrados no mesmo jazigo no cemitério Parque Jardim das Primaveras, em Guarulhos. Matéria da Folha de S. Paulo da época registrou mais de 100 mil pessoas no cortejo fúnebre. Eles eram e continuam queridos. Não cair na armadilha sensacionalista e eternizá-los na tela como um sopro de alegria é o maior mérito da produção.
Trailer
Ficha Técnica
Título: Mamonas Assassinas: O Filme
Direção: Edson Spinello
Duração: 95 minutos
País de Produção/Ano: Brasil, 2023
Elenco: Ruy Brissac, Rhener Freitas, Beto Hinoto, Adriano Tunes, Robson Lima, Ton Prado, Guta Ruiz
Distribuição: Imagem Filmes
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