Mademoiselle Paradis

Filmes baseados em fatos reais, históricos ou não, costumam exercer poder de atração em uma parcela do público. Se você se enquadra nesse grupo, a dica pode ser fazer uma viagem no tempo. Produção independente de 2017, exibida e premiada em alguns festivais de menor porte, Mademoiselle Paradis chega aqui com algum atraso, mas ainda mantém o encanto de revelar uma curiosa trama sobre a compositora cega e prodígio no piano Maria Theresia von Paradis.

Em Viena, no século 18, Maria tem 18 anos, um talento incrível nos teclados e já sofreu com alguns tratamentos malsucedidos, visando recuperar a visão perdida na infância. Seus pais manipuladores resolvem fazer uma nova experiência com o controverso médico Franz Mesmer e sua terapia magnética, que ficou conhecida como Mesmerismo. Capaz de fazer o que a medicina não fez, os resultados aparecem, mas ao mesmo tempo em que a jovem volta a enxergar, tanto ela quanto sua família começam a ver outros problemas com a cura. 
 

Adaptado do livro Mesmerized, de Alissa Wasler, o roteiro aborda alguns traços bizarros da sociedade e foca nesse momento da vida de Paradis, contrapondo seu desejo de independência e o tratamento dispensado às mulheres. Contudo, esses e outros temas, como um absurdo (e atual) medo de perder uma pensão indevida do governo, são tratados de maneira superficial. Dessa forma, só aumenta a impressão de que poderia se apresentar mais dessa talentosa austríaca, que se relacionou com nomes notórios daquele período como Mozart, seu eterno rival Antonio Salieri, e ainda Louis Braille, conhecido por criar o Método Braille, para a leitura de cegos, inspirado em mecanismo criado por ela em sua escola de música.

Bem conduzido pela austríaca Barbara Albert, que contou com bom trabalho de reconstituição de época e de figurinos, o elenco é coeso, mas é Maria Dragus quem faz a diferença. Famosa por sua participação no premiado A Fita Branca (2009), a atriz confere verdade à personagem e pode causar agonia no espectador com sua técnica de emular a cegueira. Como era de se esperar, a música é presente em Mademoiselle Paradis e muito boa para os amantes do gênero. Boa viagem!

Ficha Técnica

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