Luca

Luca (voz original de Jacob Tremblay, Bons Meninos) é um monstro marinho de 13 anos. Filho obediente de um pai tranquilo e uma mãe superprotetora, ele passa o dia no “pastoreio” de um cardume de peixes. A rotina é meio entediante e Luca se anima quando acha no mar objetos dos humanos – “assassinos”, segundo sua mãe. Tímido e um tantinho inseguro, ele encontra seu oposto em Alberto (Jack Dylan Grazer, Shazam!), que é tão destemido e independente que vive na superfície. Os monstros marinhos ganham a forma humana quando saem da água.

O diretor italiano Enrico Casarosa estreia em longas com essa história que também é a sua. Ele já foi esse menino quietinho que tomou um empurrão para a vida de um amigo mais descolado. Luca é uma fábula sobre camaradagem e sobre aquela fase em que a molecada quer sair da toca dos pais. Para Luca e Alberto, a liberdade significa viver entre os humanos e sair pelo mundo a bordo de uma vespa. A porta para essa aventura é a pitoresca Portorosso, cidadela fictícia inspirada em Portofino e Cinque Terre, pérolas da Riviera Italiana banhadas pelas águas cristalinas do mediterrâneo.

Nesse cenário de encher os olhos, eles travam amizade com a humana Giulia (Emma Berman), garota irreverente com quem unem forças para vencer um triatlo cujo prêmio deve ser suficiente para comprar uma vespa usada. Os desafios da competição são nadar, andar de bicicleta e comer uma montanha de macarronada. Luca e Alberto precisam ficar longe da água. Bastam algumas gotas e eles retomam sua verdadeira natureza. Seria o fim dos sonhos e uma possível caçada humana atrás dos mitológicos monstros marinhos. Outros obstáculos: os pais dele, que sobem à superfície em busca do filho fujão, e o valentão local, que sempre ganha o triatlo.

Para compor o visual de uma estilizada Itália dos anos 1950, Casarosa busca referências na arte do Studio Ghibli e seu mestre, Hayao Miyazaki (A Viagem de Chihiro). Entre as muitas homenagens, um jovem Marcello Mastroianni surge em uma das fotos que Alberto guarda entre os mil e um cacarecos que coleciona dos humanos. Isso sem falar na eclética trilha sonora, que vai de Rita Pavone à Maria Callas.

Esse entorno singular injeta lirismo em um enredo que prima por valorizar a amizade, mas não só.  Espertíssima, Giulia é uma fonte de informação preciosa e desperta em Luca a sede do saber. Ele quer estudar e essa é uma das mensagens positivas para a garotada. Aceitar o diferente e enfrentar os próprios medos também são temas que adornam essa jornada de descobertas e crescimento. Com uma narrativa acessível às crianças menores, Luca não está no patamar de Divertida Mente, Toy Story e Up – Altas Aventuras, mas não deixa de ser um dos tesouros da Disney e Pixar.

Ficha Técnica

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