Bons Meninos

Houve uma certa apreensão quando Seth Rogen anunciou a produção de Bons Meninos, sobre três amigos pré-adolescentes. Bom gosto e sutileza nunca estiveram no cardápio do ator, roteirista e produtor de comédias escrachadas como Vizinhos, É o Fim e a animação adulta Festa da Salsicha. O besteirol também é o estilo de Gene Stupnitsky e Lee Eisenberg, a dupla que escreveu e produziu Professora Sem Classe, estrelado por Cameron Diaz. Mais eis que em Bons Meninos eles se revelam fiéis discípulos de John Hughes, o cineasta que captou como ninguém a alma adolescente em clássicos dos anos 80, como Clube dos Cinco, Curtindo a Vida Adoidado e Mulher Nota 1000.

Coproduzido por Rogen, comandado por Stupnitsky e escrito pelo diretor em parceria com Eisenberg, Bons Meninos ilumina com humor brincalhão essa fase de descobertas e de hormônios afoitos, na qual a inocência age como censura natural. O olhar assustado e a cara de nojo da trinca central ao ver um filme pornô diz tudo. Os inseparáveis Max (Jacob Tremblay, O Quarto de Jack), Lucas (Keith L. Williams) e Thor (Brady Noon) formam a Turma do Saquinho. Têm 12 anos, estão no sexto ano do colégio e ansiosos para entrar no grupo dos populares. Cada um deles vive o momento à sua maneira. Max é romântico e está louco para dar o primeiro beijo, Thor decide abandonar as aulas de canto para fazer um tipo durão e Lucas está tentando digerir o divórcio dos pais.

A aventura começa quando usam o drone do pai de Max sem permissão, para espionar a vizinha e o namorado, e aprender a beijar. Só que a artimanha dá errado e a trinca precisa resgatar o drone para evitar que Max fique de castigo e perca uma “festa do beijo”. A divertida epopeia envolve a vizinha, uma amiga e uma caixinha de ecstasy. Para se armar e entrar em ação, a Turma do Saquinho faz um hilário uso de sex toys dos pais de um deles, sem sonhar para que servem.

Essa ingenuidade é autêntica e o diretor conta com atores carismáticos e espontâneos que não agem como mini-adultos. O enredo é simples e algumas piadas são repetidas, mas há uma sensibilidade especial no desenho da relação dos protagonistas. Em um comovente lampejo de maturidade, eles vão perceber que a amizade verdadeira independe da proximidade física e dos caminhos que cada um toma na vida. Max, Thor e Lucas são bons meninos mesmo, mas o filme tem censura 16 anos.

Ficha Técnica

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