Seria forçar a barra dizer que o quarto longa da dupla de cineastas Guto Parente e Pedro Diógenes (Estrada para Ythaca) foi feito para o grande público. Não foi, mas Inferninho é um pedacinho de vida cheio de excentricidade, fantasia, emoção e, acima de tudo, amor. O título é o nome do bar de Deusimar (Yuri Yamamoto), que sonha ir embora para um lugar distante.
Nesse boteco escuro e apertadinho transitam seres que bem poderiam ter saído de um filme de Fellini: Luizianne (Samya de Lavor), a cantora; Coelho (Rafael Martins), o garçom; e Caixa-Preta (Tatiana Amorim), a faxineira. A pacata rotina dessa gente simples e dos fiéis clientes, não menos exóticos, é abalada pela chegada de Jarbas (Démick Lopes), um misterioso marinheiro com planos de fincar raízes – e por quem Deusimar vai se apaixonar.
Esses seres marginalizados encontram no Inferninho seu cantinho, um refúgio da dura realidade lá fora. Mas o mundo bate à porta duplamente. Primeiro, na presença do representante de uma empresa que pretende usar o espaço do bar e dos arredores para um empreendimento imobiliário. Segundo, pela ameaçadora visita de dois sujeitos muito suspeitos que estão atrás de Jarbas.
A narrativa não reserva grandes reviravoltas, porque assim é (quase sempre) a existência dessa camada da sociedade, que sobrevive com parcas perspectivas de mudança. Em Inferninho, a vida se move e volta para o mesmo lugar. Sim, é melancólico. Não podia ser diferente. No vídeo abaixo, o codiretor Pedro Diógenes fala da criação de seu delicado filme, que teve estreia mundial no Festival de Rotterdam e chega ao circuito nacional após ser exibido em mais de dez países.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Inferninho
Direção: Guto Parente e Pedro Diógenes
Duração: 82 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Brasil, 2018
Elenco: Yuri Yamamoto, Demick Lopes, Samya De Lavor
Distribuição: Embaúba