Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Ele está de volta e, reza a lenda, seu destino é parar por aqui. Será? Programado para ser o quinto e último filme com o famoso personagem, Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem elenco capitaneado pelo oitentão Harrison Ford. Para os saudosistas, a boa notícia é que essa nova aventura, de uma maneira geral, funciona. Já o espectador mais exigente, como o autor dessas linhas, ficará com a sólida impressão de que não havia necessidade de ser tão longo (+ de 2h30m) e, quiçá, ter sido feito. Será mesmo?

Final dos anos 1960, muitas coisas acontecem no mundo, e cerca de dez anos separam o arqueólogo aventureiro de uma empreitada pura adrenalina. Desde então, o bom e velho Indiana Jones segue com o sossegado trabalho de professor, em Nova York, e com a aposentadoria anunciada. Os planos de tranquilidade vão por água abaixo quando sua enteada Helena (Phoebe Waller-Bridge) reaparece atrás de uma raridade de seu pai (Toby Jones), guardada com Indy, feita pelo matemático Arquimedes.

Helena também entende muito de História, adora antiguidades, mas seu objetivo é meramente fazer dinheiro com elas. Outro que ressurge do passado é o físico alemão Jurgen Voller (Mads Mikkelsen), também interessado no artefato e em seu poder. Começa o corre e corre entre eles, em vários cantos do mundo, atrás do valioso invento e seu complemento. Dirigido pelo premiado cineasta James Mangold, duas vezes indicado ao Oscar, de Melhor Filme por Ford Vs. Ferrari (2019), e Melhor Roteiro por Logan (2017), Indiana Jones and the Dial of Destiny (título original) está longe de ser o melhor filme do ano e muito menos melhor roteiro. Como entretenimento, é aceitável e nada mais.

Estão presentes todos os ingredientes que contribuíram para o sucesso da marca, inclusive, o ator principal. Ou seja, além do reencontro com Ford, o público ouvirá a inesquecível trilha de John Williams e verá as típicas correrias insanas, perseguições, nazistas, diálogos sacanas e referências ao legado do amado personagem. Isso pode ser um deleite para os fãs, mas o conjunto é muito formulaico. Você pode até acreditar que é isso que o público quer, mas há quem acredite que não passa de preguiça. Piora mais quando a enteada de Indy, uma mercenária da cultura, profere discursos surrados (até contra o capitalismo!) ou é super valorizada diante da figura do homem. Ei, Disney, Paramount, será que vocês acreditam mesmo nessa agenda?

É fácil entender o interesse em dar longevidade para algo que deu certo. Difícil é fazer isso acontecer sem a razão do sucesso, neste caso, o personagem masculino. Não basta "emascular" o herói, como fizeram também com 007 etc. Não por acaso, filmes despreocupados com a agenda do politicamente correto, como Top Gun: Maverick, em 2022, ou John Wick 4 e SuperMario Bros O Filme, disparado a maior bilheteria de 2023 –, fizeram muito sucesso enquanto produções artificiais, algumas caríssimas, colecionam fracassos.

O recente Shazam!, por exemplo, vendeu menos (!) ingressos, nos Estados Unidos, do que O Urso do Pó Branco. É legal empoderar as mulheres. Ilegal é se apoderar de algo dos homens. Por que não criar algo inédito e verdadeiramente delas? Indiana Jones e a Relíquia do Destino custou cerca de US$ 300 milhões, foi feito para os fãs do personagem Indy, mas o foco e a força estão em Helena. Se isso vai dar certo, só o tempo e as bilheterias dirão. Nesse caso, você irá ajudar ou não. Aventure-se!

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