Frankie

Isabelle Huppert (Branca Como a Neve) tornou-se musa internacional na maturidade, mas desde os anos 1980 tem sido uma das mais disputadas estrelas do cinema francês e europeu, com predileção pela produção independente e papéis complexos. Uma das motivações para o cineasta Ira Sachs (O Amor é Estranho) realizar seu mais recente trabalho, Frankie, foi ter Isabelle no papel-título. De quebra, ele reuniu em torno de sua protagonista um talentoso e adorável elenco.

Frankie é uma famosa atriz de cinema e televisão que decide reunir a família e uma única amiga na idílica Sintra, cidade turística portuguesa incrustada nas montanhas, para um ritual particular de despedida – ela está doente, com poucos meses de vida pela frente. Lá estão o primeiro marido Michel (Pascal Greggory, Piaf Um Hino Ao Amor), pai de seu único filho Paul (Jérémie Renier, O Amante Duplo), o atual marido Jimmy (Brendan Gleeson, A Lei da Noite) e a família da filha dele, Sylvia. A amiga é a cabelereira de cinema Ilene (Marisa Tomei, Homem-Aranha: Longe de Casa), que traz o namorado (Greg Kinnear, Missão no Mar Vermelho) de penetra. Para ajudar a todos a andar pelas ruas de pedra de Sintra, está sempre por perto o guia Tiago (Carloto Cotta, Diamantino).

Acostumada a ser o centro das atenções, Frankie obviamente quer colocar em ação os planos que já traçou para como tudo vai ser ‘depois dela’. O roteiro de Sachs e seu habitual parceiro, o brasileiro Mauricio Zacharias (Madame Satã, O Céu de Suely), joga com os imprevistos dessa orquestração melancólica, mas sem jamais cair no melodrama. Há um distanciamento, uma opção pela observação dos personagens e das relações entre eles. A câmera os acompanha de longe, na paisagem cinzenta e nas ruas labirínticas, que podem até se confundir com descontinuidade ou falta de coesão narrativa.

Mas um olhar mais atento pode reconhecer, talvez apenas a partir da última e sagaz sequência, a construção naturalista do diretor para tratar não apenas da morte, da inevitável constatação do que se perde, mas também da vida. Essa segue - sempre segmentada em partes que nem sempre se encaixam, como no filme, e surpreendente nos desvãos entre desejo e destino. O pano de fundo do cinema, recortado pela profissão de Frankie, de sua amiga e do namorado dela, diretor de fotografia, que acabaram de sair das filmagens de Star Wars, e citam George Lucas, está sempre por ali, suspenso no ar, como uma lembrança de que nossa aventura por aqui tem momentos de blockbuster e de Frankie. É bom aproveitar!

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