Espírito de Família

Quem já perdeu alguém querido certamente lida com a saudade e a vontade de rever quem partiu. Mas o que fazer se o morto fica visível, não para de palpitar na sua vida e não te deixa em paz? Esse é o transtorno de Alexandre (Guillaume de Tonquédec, Qual é o Nome do Bebê), o protagonista da comédia dramática Espírito de Família. Escritor famoso, workaholic e em crise no casamento, ele está com o filho na casa à beira-mar dos pais em Quiberon, na Bretanha. Lá vivem também o irmão caçula e a cunhada desmiolada.

Seu pai, o renomado fotógrafo Jacques (François Berléand), está alertando Alexandre sobre não se embrenhar tanto no trabalho e curtir mais a família quando sofre um mal súbito e morre. Esses dois têm muitos acertos de contas para fazer, e a presença nada fantasmagórica de Jacques foi a forma inusitada que o roteirista e cineasta francês Éric Besnard encontrou para lidar com a perda do próprio pai.

A canção “Father and Son”, de Cat Stevens, serve tanto de fio condutor da narrativa quanto para embalar as cenas de emoção. Não há muita sutileza nesse lidar com o luto. A viúva Marguerite (Josiane Balasko), por exemplo, mantém a caminhada matinal com o marido, mesmo que na urna de cinzas. As observações de Jacques são espirituosas, como se finalmente tomasse consciência dos erros que cometeu, e ainda estivesse por aqui para fazer emendas.

Alexandre reclama do pai ausente e egoísta, e Jacques faz o filho enxergar que está seguindo os mesmos passos com seu pequeno. Apesar das boas intenções, Espírito de Família é simplista e um tantinho descuidado com seus personagens caricatos. Mas Jacques deixa uma mensagem muito linda sobre a importância de se fotografar momentos felizes na mente, e deixá-los bem guardados na gaveta da memória.

Ficha Técnica

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