Enola Holmes 2

Enola Holmes volta à cena mais íntima do público e com jeitão de que está só no início de uma longa amizade com a Netflix. Com o clã Holmes devidamente apresentado, a segunda parte só não começa a todo vapor porque a detetive novata pena para conquistar o primeiro cliente. É salva da aposentadoria precoce por uma garotinha que pede ajuda para encontrar a irmã desaparecida. A investigação insere Enola na gênese de um evento histórico ocorrido na Londres de 1888: A Greve das Meninas dos Fósforos.

Se no original o engajamento era pela liberdade e a emancipação feminina, agora a mensagem é de união de forças. E que melhor aliado Enola poderia ter que o irmão Sherlock Holmes? Henry Cavill ganha mais destaque como o célebre detetive criado por Arthur Conan Doyle. Mesmo com elevados níveis de álcool no sangue, não perde uma pista. É assim que faz conexões entre o seu caso e o da irmã: a suspeita movimentação de uma grande soma de dinheiro com os donos da fábrica de fósforo onde trabalhava a jovem sumida, Sarah Chapman (Hannah Dodd) – a personagem é real.

A Enola de Millie Bobby Brown entra na fase adulta sem perder o olhar faceiro com que quebra a quarta parede e se comunica diretamente com o espectador. Ela tenta, sem sucesso, justificar o fato de diariamente tomar café sentadinha em um banco no trajeto de Tewkesbury (Louis Partridge) para a Câmara dos Lordes. Sim, seu crush tornou-se membro do parlamento. O enredo se encarrega de investir no romance e de torná-lo parceiro da amada nas apurações.

O diretor Harry Bradbeer permanece fiel à série literária de Nancy Springer, e conta novamente com o roteirista Jack Thorne para encorpar a narrativa com um retrato da Era Vitoriana. Se a consolidação da Revolução Industrial engrossou a classe média britânica, os valores puritanos colocaram as mulheres sob o jugo machista. À frente de seu tempo, Enola não é uma feminista panfletária, mas de ação. Os ensinamentos da mãe, Eudoria (Helena Bonham Carter), essa sim uma revolucionária, muniram-na de conhecimento e coragem. 

Diante da opressão contra as operárias da fábrica de fósforos, e furiosa com outras descobertas, Enola apronta mil e uma e entra na mira da polícia. Com a formação de alianças como apelo temático da segunda aventura, não poderia faltar um desfecho calcado na sororidade. A sequência final é emocionante e a cena pós-crédito, um presente para os fãs. A introdução de personagens clássicos do universo de Sherlock Holmes sinaliza que Enola Holmes deve ter vida longa como franquia.

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