Emma.

Dona de olhos enormes e expressivos, Anya Taylor-Joy estreou no cinema em 2015 provocando barulho no terror A Bruxa, de Robert Eggers (O Farol). O cineasta M. Night Shyamalan aprovou e a escalou como a principal vítima do homem com 23 personalidades (James McAvoy) de Fragmentado e da continuação, Vidro. Curioso ver seu olhar de horror e medo se transformar no de curiosidade e admiração em Emma., a nova adaptação do querido romance juvenil de Jane Austen – Gwyneth Paltrow (Contágio) deu vida à personagem na versão de 1996.

Na Inglaterra do século 19, Emma Woodhouse é a garota bonita, rica e inteligente que passa os dias entretida com a vida amorosa dos outros. Alcoviteira assumida, ela arma encontros, escolhe os melhores partidos e dita as regras do jogo amoroso para amigas que seguem seus conselhos sem questionar. É assim, por exemplo, que ela faz com que Harriet (Mia Goth, Suspíria: A Dança do Medo) recuse um pedido de casamento na certeza de que há um pretendente melhor no cenário.

Quem acompanha de perto suas traquinagens amorosas é o vizinho e melhor amigo Mr. Nightley (Johnny Flynn) – o olhar dele, porém, indica que há mais que amizade nessa relação. Já Emma está à espera da chegada do galante Frank (Callum Turner, Apenas Um Garoto em Nova York), filho de um conhecido e seu suposto “prometido”. Nem todos os arranjos dão certo, e nem sempre Emma é uma flor de menina. Essa dualidade incomoda a própria protagonista e é o mais perto da densidade que chega o pueril roteiro da estreante Eleanor Catton.

O diretor Autumn de Wilde também é novato e se lhe falta criatividade, lhe sobra capricho. O figurino da premiada Alexandra Byrne (Oscar por Elizabeth: A Era de Ouro) salta aos olhos, assim como os luxuosos cenários e as campestres paisagens. Emma. é leve, fútil até, mas o elenco é carismático e ainda tem o sempre impagável Bill Nighy (Questão de Tempo) como o espirituoso e idiossincrático pai de Emma. Para ver, se divertir e esquecer.

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