Dungeons and Dragons: Honra Entre Rebeldes

Não é preciso ser fanático e nem conhecer o famoso jogo de RPG para degustar de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes. O segredo do sucesso não é um só, mas uma conjunção de acertos que atende a uma simples demanda: divertir plateias de todas as idades. Os diretores e roteiristas Jonathan Goldstein e John Francis Daley formam a dupla por trás de Férias Frustradas (2015) e A Noite do Jogo (2018). De aventura e humor, eles entendem.

É a quarta adaptação para o cinema do jogo de tabuleiro criado em 1974 por Gary Gygax e Dave Arneson. Os jogadores do RPG (Role-Playing Game, em português Jogo de Interpretação de Papéis) criam personagens e seguem narrativas e regras pré-estabelecidas pelo chamado “mestre do jogo”. Ergueu-se uma cultura de aficionados, logo tachados de nerds, e a febre só aumentou com as primeiras versões em videogame, lançadas em 1987.  

Nesse universo medieval e fantasioso, não faltam seres mágicos e mitológicos, como bruxas, orcs e dragões. Visualmente, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes segue a cartilha das adaptações de games. Tem efeitos especiais honestos, figurinos caprichados e cenários de encher os olhos. É a perspicaz escolha do elenco, porém, que coloca a produção em outro nível. Como prega a regra do RPG, os personagens precisam ser bem desenhados e temos aqui uma trupe deliciosamente idiossincrática.

Chris Pine esbanja charme como o protagonista, o ladrão Edgin, que abre o filme com uma hilária fuga da prisão, muito bem acompanhado pela parceira de crime, Holga. É a personagem de Michelle Rodriguez, uma guerreira de força bruta e coração doce. Como eles foram parar na masmorra é mostrado em flashbacks que envolvem o trapaceiro Forge (Hugh Grant) e a feiticeira Sofina (Daisy Head). Uma traição coloca em risco Kira (Chole Coleman), a filha de Edgin, e abarca um plano maligno que pode aniquilar a humanidade.

Para resgatá-la e salvar o mundo, Edgin e Holga reúnem uma turma de rebeldes. O mago Simon (Justice Smith) é um jovem inseguro de seus poderes e assumidamente enamorado da druida Doric (Sophia Lillis), que se transforma em animais. O mais íntegro entre eles é o galante paladino Xenk (Regé-Jean Page), tão certinho que é incapaz de compreender as ironias de Edgin.

O máximo de seriedade que pode se esperar de Dungeons & Dragons é o drama familiar que envolve o protagonista, porque o humor reina e há em sequências impagáveis. A melhor delas é em um cemitério. Para descobrir o paradeiro de uma poderosa relíquia, os heróis usam magia para interrogar soldados mortos em uma batalha, mas há uma pegadinha engraçadíssima. Como se não bastasse, a produção ainda afaga os fãs da animação A Caverna do Dragão, inspirada no RPG, com easter eggs de seus personagens. Tudo de bom essa legítima sessão da tarde.

Ficha Técnica

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