Confesso que não acompanhei a premiada série Downton Abbey, exibida no Brasil pelo GNT. Criada e produzida por Julian Fellowes (vencedor do Oscar de melhor roteiro por Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman), a produção de epoca britânica estreou em 2010 e teve seis temporadas, que cobriram um período histórico entre 1912 e 1926. Pois os incautos podem assistir ao longa-metragem sem conhecimento prévio, porque o filme sustenta-se sozinho. O próprio Fellowes escreveu o roteiro, que se passa em 1927, e cuidou de apresentar os icônicos personagens, além de abordar com leveza o passado de alguns deles.
A trama central é muito simples: a convivência entre a aristocrata família Crawley e seus criados na fictícia propriedade rural Downton Abbey, onde está erguido o Castelo de Highclere, a majestosa casa senhorial que continua habitada pela nobreza na vida real, e está aberta a visitações. Esse cenário luxuoso será o centro de um evento histórico: uma recepção para a família real. O Rei George 5º e a rainha Mary estarão na região para visitar a filha, a princesa Mary, e decidem fazer uma parada na residência dos Crawley.
A câmera passeia pelo castelo para acompanhar o rebuliço dos preparativos e vai iluminando os personagens, sem o compromisso de abarcar os 14 anos da trajetória do clã no decorrer da série. Se há uma crítica na relação entre patrões e empregados, ela é muito sutil, porque a harmonia prevalece em uma rotina em que cada um exerce sua função com esmero e satisfação. O conflito maior está na chegada do staff real, que toma o controle da organização do castelo e frustra o desejo do pessoal de Downton Abbey de servir aos monarcas. Claro que não vai ficar assim e as artimanhas da equipe para brecar os arrogantes funcionários da coroa elevam o humor.
Temas como ascensão social, antimonarquismo e homossexualismo são abordados e funcionam como motor narrativo, mas não há engajamento. Downton Abbey é um convite irresistível para quem quer escapar um pouquinho do mundo real – que o digam os britânicos em tempos de Brexit – e relaxar em meio ao glamoroso universo dos Crawley. E ainda tem a octogenária Maggie Smith (O Exótico Hotel Marigold) absoluta como a condessa Violet, que destila o humor cínico e irônico sem piedade, nas falas mais espirituosas.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Downton Abbey
Direção: Michael Engler
Duração: 122 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Reino Unido, 2019
Elenco: Maggie Smith, Elizabeth McGovern, Michelle Dockery, Imelda Staunton, Allen Leech, Robert James -Collier
Distribuição: Universal Pictures