31 de outubro. Dia das Bruxas, Halloween, véspera do Dia de Todos os Santos. No folclore anglo-saxão, período de aproximação entre este mundo e o mundo dos mortos. No universo cinematográfico, dia de filme de terror! E a dica é passar medo e tomar sustos na sala escura e com tela grande. Estão em cartaz nos cinemas Halloween Kills: O Terror Continua e Espíritos Obscuros, ambos com personagens femininas como protagonistas. Diva máxima da franquia Halloween, Jamie Lee Curtis encarna Laurie Strode pela sétima vez. Quem passa por apuros sobrenaturais em Espíritos Obscuros é Keri Russell, que volta ao gênero depois de Os Escolhidos (2013).
Halloween Kills começa exatamente no fim do anterior, Halloween (2018), dirigido pelo mesmo David Gordon Green. Laurie, a filha e a neta (Judy Greer e Andi Matichack) estão crentes de que incineraram Michael Myers (Nick Castle) no fogo que consumiu a casa da matriarca. Só que não. O serial killer sobrevive, faz um estrago fenomenal com os bombeiros que combatem o incêndio e parte para mais um banho de sangue. Os fãs do slasher vão curtir, porque a carnificina é radical. Mas desta vez o mascarado está tão duro de matar que o filme flerta estranhamente com o sobrenatural.
Quatro décadas e 11 capítulos depois do original de 1978, os personagens criados por John Carpenter e Debra Hill estão fartos de sentir medo. Halloween Kills é a segunda parte da trilogia capitaneada por Gordon Green. A terceira, Halloween Ends, está em pré-produção e anuncia um ponto final pelo menos da saga de Laurie Strode. Na trama, a fuga de Michael do hospício mobiliza não só os sobreviventes do primeiro filme, que partem para o contra-ataque, mas toda a comunidade de Haddonfield. Há uma bem-vinda nostalgia no enredo repleto de flashbacks. O problema é que a histeria generalizada na caça ao monstro valoriza a violência gráfica em detrimento do suspense. Bola fora, mas dá para levar.
Se Michael Myers dá indícios de que não é mais um ser humano de carne e osso, o bicho-papão de Espíritos Obscuros tem sua origem na lenda de Wendigo, criatura mitológica das tribos indígenas americanas. A história se passa em uma cidade isolada do estado de Oregon, onde Julia (Keri Russell), professora do ensino fundamental, e seu irmão Paul (Jesse Plemons, Judas e o Messias Negro), xerife local, se envolvem com um enigmático aluno, Lucas (Jeremy T. Thomas). Ele é o Quiet Boy (garoto calado) do conto de terror que inspirou a produção. Além de coassinar a adaptação, o autor Nick Antosca é conhecido em Hollywood como produtor e roteirista de filmes e séries do gênero, como Hannibal e Chucky. O motivo da carinha triste de Lucas demora a se revelar, e a trama usa o passado sombrio de Julia e Paul como elo de empatia entre eles. Funciona.
O diretor Scoot Cooper, do premiado drama musical Coração Louco (Oscar para Jeff Bridges), arranca performances notáveis, especialmente do ator-mirim. Mas quem responde pelo visual do maligno cervo devorador de gente é o expert Guillermo del Toro, creditado como produtor. Wendigo entra para o eclético rol de criaturas do diretor de O Labirinto do Fauno, A Forma da Água e Hellboy. É verdade, porém, que seu demônio merecia mais tempo em cena. Pouco se vê do chifrudo. O maior acerto de Espíritos Obscuros é o suspense cadenciado, o medo que vem do desconhecido, e os demônios internos dos protagonistas, que dão estofo a um filme que não foge aos padrões do gênero. Mas uma coisa é inegável: Halloween Kills: O Terror Continua e Espíritos Obscuros são garantia de bons sustos.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Halloween Kills e EspÃritos Obscuros
Direção: David Gordon Green e Scoot Cooper
Duração: 105 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2021
Elenco: Halloween, Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichack, Nick Castle, EspÃritos Obscuros, Keri Russell, Jesse Plemons, Jeremy T. Thomas
Distribuição: Universal e 20th Century Studios