Se Shakespeare Apaixonado era uma adorável fantasia sobre a origem de Romeu e Julieta, a peça mais clássica do famoso bardo inglês, por que não imaginar a gestação de uma das peças mais encenadas e clássicas do teatro francês, Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand? Alexis Michalik, ator, dramaturgo, roteirista de TV e diretor franco-britânico se fez essa pergunta, já que admitiu ter sido o filme uma de suas inspirações para a premiada e bem-sucedida peça Edmond, vencedora de cinco prêmios Molière - o Oscar do teatro francês -, traduzida para 40 línguas, e com mais de 500 mil espectadores só na França.
Estreando como cineasta, Michalik roteirizou e adaptou sua peça, além de atuar no papel do dramaturgo Georges Feydeau, que nos anos 1890, em Paris, era sinônimo de sucesso nos palcos, para desespero do jovem Edmond Rostand (Thomas Solivérès, de Amor ao Primeiro Filho), cuja última peça foi um fiasco total e lhe deixou com um bloqueio criativo por dois anos. Quando as contas começam a bater na porta da sua casa e o sustento da esposa e dos dois filhos fica ameaçado, ele recebe uma proposta inesperada.
É início de dezembro, e o renomado ator Constant Coquelin (Olivier Gourmet, de O Jovem Karl Marx) precisa de uma nova peça, de preferência uma comédia, para garantir a parceria com dois generosos produtores e se garantir na programação do teatro. Rostand lhe foi indicado por uma amiga em comum, a famosa Sarah Bernhardt, e aceita escrever a peça por encomenda. O problema é que ela deve estrear até o dia 27 de dezembro de 1897, em menos de três semanas.
Foi assim que nasceu uma das peças de teatro mais famosas e encenadas do mundo, Cyrano de Bergerac, pelo menos na imaginação de Michalik. No processo criativo de Rostand, tudo pode ser inspirador, partindo, obviamente, da paixão do ator Leo (Tom Leeb), seu melhor amigo, pela servente do teatro, Jeanne (Lucie Boujenah). Para ajudar Leo, um fanfarrão bonitão, a conquistar a bela sensível, admiradora do teatro em versos de Rostand, o escritor começa a colocar suas lindas rimas nas cartas e na boca de Leo.
Além da produção primorosa, em que fotografia, direção de arte, reconstituição de época, figurinos, maquiagem, trilha sonora estão em perfeita harmonia, e do elenco irretocável, o texto brilhante de Michalik e sua direção inspirada transformam Cyrano, Mon Amour numa celebração ao teatro e à delicadeza, ao lirismo e à arte de contar histórias. Encantador!
PS – Confira a entrevista com o cineasta abaixo e não deixe de ver os créditos finais, com o registro e uma homenagem às principais encenações de Cyrano de Bergerac no cinema e no teatro.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: Cyrano Mon Amour/Edmond
Direção: Alexis Michalik
Duração: 109 minutos
PaÃs de Produção/Ano: França/Bélgica, 2018
Elenco: Thomas Solivérès, Olivier Gourmet, Mathilde Seigner, Tom Leeb, Lucie Boujenah, Jean-Michel Martial, Dominique Pinon
Distribuição: A2 Filmes