Climax me deixou embrulhada. O estômago “torto”, é verdade, mas a satisfação de ter passado por uma experiência cinematográfica única. Radicado na França, o diretor argentino Gaspar Noé tem o selo do escândalo estampado em sua filmografia.
Foi ele que filmou o estupro de Monica Bellucci em Irreversível (2002) e as cenas de sexo explícito em Love (2015). Agora promove uma viagem alucinógena durante a festa de um grupo de dança nos anos 90. É ao som de hits como “Born to be Alive” e “Pump Up The Volume” que os dançarinos abrem a noite se esbaldando na pista. Único rosto conhecido de um elenco em sua maioria amador, Sofia Boutella (A Múmia) é a coreógrafa e a primeira a desconfiar que o ponche em que estão mandando bala foi batizado com LSD.
Em passagem por São Paulo para promover o filme, Gaspar Noé contou que o roteiro tinha apenas 5 páginas e que filmou em 15 dias, guiado pelo improviso e pela entrega total do elenco. O espectador precisa entrar no clima da piração, porque o que começa como um baile moderninho vira Sodoma e Gomorra, um descontrole coletivo, um pesadelo acentuado pela fotografia escura e avermelhada, sinuosos movimentos de câmera e planos-sequências de deixar qualquer um tonto.
Não é fácil, muito menos agradável. Mas é Gaspar Noé em grande forma naquilo que faz com excelência: escandalizar.
Em tempo: Climax foi o grande vencedor da Quinzena dos Realizadores 2018, mostra paralela ao Festival de Cannes.
Trailer
Ficha Técnica
Título: Climax
Direção: Gaspar Noé
Duração: 95 minutos
País de Produção/Ano: França/Bélgica/EUA, 2018
Elenco: Sofia Boutella, Romain Guillermic, Kiddy Smile, Souheila Yacoub
Distribuição: Imovision