Border

Acredite, Border é diferente de tudo o que você já viu. A protagonista, Tina (Eva Melander), é uma policial que trabalha na alfândega do aeroporto farejando passageiros suspeitos. Esse farejar não é bem cheirar. É como se possuísse um radar de emoções: medo, vergonha, desejo, culpa... De bebidas e drogas a um pen drive com pedofilia, ela não deixa escapar nada. Esse instinto aguçado é apenas uma das características que a tornam singular. Tina é abrutalhada, tem feições pré-históricas, embora seja um doce de pessoa. Sua pacata vidinha sofre uma reviravolta quando conhece Vore (Eero Milonoff), de aparência semelhante. Ela até fareja algo estranho naquele homem, mas prefere acreditar que seja desejo.

Representante da Suécia no Oscar 2019 e vencedor da Mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes 2018, Border adapta o conto homônimo de John Ajvide Lindgvist, mesmo autor de Deixa Ela Entrar - o livro sobre uma jovem vampira rendeu uma excelente versão para o cinema em 2008, seguida da refilmagem americana em 2010. Estamos, portanto, no terreno do terror.

Border é também uma fábula macabra. Acima de tudo, porém, é um sensível olhar sobre as fronteiras (borders) físicas, naturais, psicológicas, culturais e até instintivas que separam pessoas, países, espécies. Há revelações chocantes e imprevisíveis nessa trama que se alterna entre o drama romântico e o thriller policial. A direção é do iraniano Ali Abbasi, escritor e arquiteto que dá os primeiros e fortes passos como cineasta. Em tempo: a impressionante maquiagem concorreu ao Oscar na categoria.  

Ficha Técnica

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