domingo, 01 de junho de 2025
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Apocalypse Now: Final Cut


Apocalypse Now: Final Cut
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Lançado em 1979, Apocalypse Now seria a obra seminal de Francis Ford Coppola se o cineasta já não tivesse na cota de obras-primas O Poderoso Chefão 1 (1972) e 2 (1974), ambos premiados com o Oscar de melhor filme. Seu apoteótico e existencialista retrato da Guerra do Vietnã (1955-1975) só saiu do papel por conta dos muitos milhões arrecadados com a saga mafiosa. Antes dele, Orson Welles (Cidadão Kane) chegou a entrar em pré-produção com a adaptação para o cinema do romance Coração das Trevas, de Joseph Conrad, mas nenhum estúdio se arriscou a bancar a ambiciosa empreitada.

Já Coppola penhorou a casa para realizar sua versão de forma independente, através de sua produtora American Zoetrope, em sociedade com George Lucas (Star Wars). Uma jogada ousada, mas que o transformou no senhor da própria guerra, um ególatra megalomaníaco que cogitou estourar os próprios miolos tamanho o caos instaurado nas filmagens nas Filipinas. Cenários destruídos por tufão, substituição do protagonista Harvey Keitel por Martin Sheen, infarto deste último em pleno set, atrasos, mudanças constantes no roteiro, ataques de estrelismo de Marlon Brando e ataques de pânico do diretor.

Apocalypse Now: Final Cut

O insano making of foi registrado pela esposa do cineasta, a também diretora e roteirista Eleanor Coppola, que levou os três filhos do casal (entre eles a pequena e futura cineasta Sofia Coppola) para as Filipinas. Pois o premiado documentário O Apocalypse de um Cineasta está no combo que acompanha a estreia de Apocalypse Now: Final Cut na plataforma Belas Artes à La Carte, junto com o média-metragem Dutch Angle: Fotografando Apocalypse Now, um perfil do holandês Chas Gerretsen, fotógrafo de guerra contratado por Coppola para acompanhar e clicar as filmagens.

Em cópia restaurada, Apocalypse Now: Final Cut (2019) é a terceira montagem, e a que Coppola chama de definitiva. A primeira ganhou a Palma de Ouro em Cannes 1979 e a segunda, Apocalipse Now Redux, foi exibida no mesmo festival em 2001, com quase uma hora a mais de sequências inéditas. Na livre adaptação do livro de Joseph Conrad, o capitão do exército Benjamin L. Willard (Martin Sheen) recebe a missão de “pôr fim de forma extrema” no coronel Walter E. Kurtz (Marlon Brando), militar condecorado que perdeu a razão, se embrenhou pela selva, ergueu o próprio exército e tem cometido atos inomináveis. A bordo de um barco e acompanhado por quatro soldados (interpretados por Frederic Forrest, Sam Bottons, Albert Hall e Laurence Fishburne), Willard estuda o dossiê de seu alvo enquanto sobe o rio até o “coração das trevas”.

Apocalypse Now: Final Cut

Coppola transforma a trama de aventura original em uma viagem contemplativa, sensorial, explosiva, pop e operística, que brota das entranhas desse protagonista nunca menos que estupefato diante dos efeitos da guerra. Harrison Ford, Robert Duvall e Dennis Hopper também marcam presença. Com pouco tempo em cena, Marlon Brando faz miséria como esse homem destruído que renasce como um monstro sádico e delirante. Premiado com o Oscar, o diretor de fotografia italiano Vittorio Storaro (O Último Imperador) recria o inferno na terra. Mas é Brando e seu coronel Kurtz em momento de epifania que sintetiza, num último suspiro, tudo o que se viu até ali: “o horror, o horror”.




Trailer

Ficha Técnica

Título: Apocalypse Now: Final Cut
Direção: Francis Ford Coppola
Duração: 183 minutos

País de Produção/Ano: EUA, 2019
Elenco: Martin Sheen, Marlon Brando, Robert Duvall, Frederic Forrest, Sam Bottoms, Laurence Fishburne, Albert Hall, Harrison Ford, Dennis Hopper, Scott Glenn
Distribuição: Pandora Filmes

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Suzana Uchôa Itiberê

Suzana Uchôa Itiberê

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Cinéfila incorrigível, jornalista de plantão, crítica de cinema (não muito) chatinha e editora caprichosa. Cria do jornal O Estado de S. Paulo, trabalhou nas revistas TVA, Set, Istoé Gente e foi cofundadora da revista Preview. Membro da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).