Amsterdam

O diretor e roteirista David O. Russell é um ímã para astros. Explica-se. Seus últimos cinco filmes foram indicados a 26 Oscars, 12 deles para atuações. Melissa Leo e Christian Bale levaram de coadjuvantes por O Vencedor (2011), e Jennifer Lawrence recebeu a estatueta de melhor atriz por O Lado Bom da Vida (2012). Amsterdam reúne um clã de feras, 15 só no elenco principal. Nem vale citar todos porque a graça é se deparar com cada um nessa história amalucada, livremente inspirada em caso real.

Christian Bale, Margot Robbie e John David Washington formam a trinca central: Burt, Valerie e Harold. Na Nova York de 1933, Burt e Harold são veteranos da Primeira Guerra, cujos feitos e efeitos não os deixaram em posições nada confortáveis. Com um olho de vidro, o médico Burt fornece medicamento e próteses de todos os tipos para companheiros de batalha, sem receber nada por isso. Harold tornou-se advogado e Valerie, a enfermeira que cuidou de ambos e com eles formou uma trupe do barulho na Amsterdam do pós-guerra, sumiu do mapa. Como tudo isso aconteceu ganha espaço na trama depois, porque o pontapé inicial é a morte do general que os uniu no front.

A cantora Taylor Swift participa como a filha que suspeita da causa mortis do pai e contrata o advogado, que por sua vez escala o amigo médico para fazer a autópsia. Mas uma nova morte coloca Burt e Harold na mira da polícia e dos verdadeiros criminosos. Parece confuso? É mesmo, e o cineasta não está a fim de facilitar pra ninguém. Com uma câmera cúmplice, que faz tomadas angulares que exaltam o absurdo, ele passeia entre presente e passado para desvendar não só o rompimento da trinca, mas uma teoria conspiratória muito mais escabrosa do que se anuncia.

Os anos de amor, boemia e arte na capital holandesa incluem a presenças dos espiões Paul (Mike Myers) e Henry (Michael Shannon), que estão ligados na ascensão de Hitler e no contágio ideológico dos ideais do futuro Führer. Já em solo americano conhecemos o excêntrico casal formado por Rami Malek e Anya Taylor-Joy, que está profundamente conectado a Valerie. Nesse entre e sai de tipos suspeitos ainda temos o célebre general vivido por Robert De Niro, que pode (ou não) estar envolvido com os planos de derrubar o presidente Franklin D. Roosevelt e substitui-lo por um militar fascista.

Esse mosaico encaixa-se da maneira mais atabalhoada possível, embora a figura ao final seja bem nítida. O problema é que o humor farsesco entretém, mas não engaja e nem cativa o espectador, que assiste passivo ao desenrolar dos fatos nesse desgovernado carrossel de estrelas. Produção de época requintada, Amsterdam tem elenco superior ao próprio filme, que se basta como estiloso ensaio de algo que poderia ser especial.

Ficha Técnica

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