A estrela austríaca Romy Schneider se eternizou no imaginário como Sissi, a Imperatriz, na trilogia cinematográfica dirigida entre 1955 e 1957 por Ernst Marischka. A história de Elisabeth, a princesa da Baviera que se casou com o imperador austríaco Francisco José I é uma obsessão no país, que desde 1921 não deixa passar mais de um ano sem lançar algum filme, série ou documentário sobre ela. Minissérie da Netflix em 6 episódios, A Imperatriz é uma das cinco produções rodadas entre Alemanha e Áustria em 2021.
Quem assistiu a segunda temporada de Bridgerton, também na Netflix, vai notar que o conflito entre as duas irmãs interessadas no Lorde Anthony é claramente inspirado no histórico arranjo desarranjado por um amor à primeira vista. Em 1853, a arquiduquesa Sofia armou para o filho Francisco casar-se com a irmã mais velha de Elisabeth, mas o jovem imperador encantou-se pela adolescente de 16 anos, famosa pela beleza, altura e cabelos longuíssimos. A série abre com Sissi de noiva, para então voltar ao verão anterior, onde tudo começou. Na versão da atriz alemã Devrim Lingnau, a imperatriz é rebelde, impulsiva e geniosa, mas dona de um senso de justiça social que vai abalar a relação entre a corte vienense e os súditos.
Com produção luxuosa, A Imperatriz não foge ao formato novelinha. As rusgas entre Sissi e a sogra estão documentadas. Sofia (Melika Foroutan) era controladora, manipuladora e dificultou o que pode a vida da nora, mas não se desenha como vilã. Consumida pela perda de uma filha pequena, é o braço forte do filho e o influencia em estratégias políticas e militares. O ator alemão Philip Froissant é Franz Joseph, um imperador cujo pacifismo incomoda os conselheiros reais e, principalmente, o irmão, o farrista arquiduque Maximiian (Johannes Nussbaum), que conspira para lhe tomar o trono.
O avanço do Império Otomano, a fragilizada aliança com a França e a presença do exército russo nas fronteiras contextualizam a tensão territorial que desviava o olhar de Franz da amada. O romance rende cenas de sexo mais comportadas que as calientes sequências da pop Bridgerton, mas Sissi e o imperador dão liga e compartilham o incômodo pela disparidade da realidade dentro e fora dos muros do palácio. Existe, inclusive, uma dama de companhia infiltrada e planos de atentado contra Franz. Uma brisa feminista está no ar, não só pela resistência de Sissi em se enquadrar nas austeras regras de comportamento austríacas, mas pelo retrato pouco lisonjeiro de personagens masculinos.
Tanto o pai de Elisabeth quanto o de Franz vivem afastados e em rotinas mundanas. São as mães que fazem acontecer. Sissi, a imperatriz, é uma figura complexa com muito a se explorar. Era obcecada pela beleza e pelos exercícios, escrevia poesia, amava cavalos, se interessava pela cultura e tinha espírito introvertido e depressivo. Também enfrentou tragédias pessoais, problemas de saúde e morreu assassinada por um anarquista, aos 60 anos. Seis episódios não dão conta do recado, e cobrem apenas o início da vida a dois. Há abertura para novas temporadas, porém ainda não confirmadas. Vale a torcida.
Trailer
Ficha Técnica
TÃtulo: A Imperatriz/Die Kaiserin
Direção: Florian Cossen, Katrin Gebbe
Duração: 55 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Alemanha, 2022
Elenco: Devrim Lingnau, Philip Froissant, Johannes Nussbaum, Melika Foroutan
Distribuição: Netflix
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