A Favorita

A realidade nunca é menos que bizarra no olhar do cineasta grego Yorgos Lanthimos, que explorou a face distorcida do ser humano em filmes como O Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017).

Em A Favorita, sua câmera angulosa percorre apressada corredores, móveis e membros da corte da Rainha Anne, na Inglaterra do século 18. As imagens se entortam. É uma provocação do diretor, que antecipa o espetáculo de humor ácido e caráter desvirtuoso que está por vir.

Indicada a 10 Oscar - Olivia Colman levou a estatueta de melhor atriz -, a requintada produção de época é um mergulho nos bastidores do poder de um reinado feminino, sim, mas cercado de abutres masculinos.

Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone (estas duas nomeadas a melhor coadjuvante) comandam o show, respectivamente, como a instável e frágil monarca, sua inseparável e manipuladora conselheira e a novata alpinista que tenta passar o tapete na veterana e se tornar a favorita.

Ninguém presta nesse cenário em que o amor é um artifício e o sexo, uma arma. A guerra oficial naquele período era contra a França, mas Lanthimos coloca o verdadeiro front entre quatro paredes, mais precisamente no quarto da rainha. E a coisa pega fogo.

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