Dizem que Steven Spielberg teve a ideia para E.T. – O Extraterrestre ao imaginar o que teria acontecido se um dos alienígenas de Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977) tivesse permanecido no planeta. O diretor entrou nos anos 1980 como o midas que atraiu multidões aos cinemas com Tubarão (1975) e Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida (1981). Mas foi o pequenino, esquisito e meigo extraterrestre que o colocou no topo do ranking de maior bilheteria de todos os tempos ao arrecadar US$ 792 milhões pelo mundo – posto que perdeu para si mesmo em 1993, quando lançou Jurassic Park.
Indicado a nove Oscars, E.T. ganhou três estatuetas técnicas e, como não poderia deixar de ser, de melhor trilha sonora, para John Williams. Quarenta anos é uma eternidade no mundo da tecnologia, mas nem os obsoletos efeitos especiais diminuem o encanto da bicicleta voadora a atravessar o céu com a Lua ao fundo. Para celebrar as quatro décadas do clássico, a Universal Pictures lançou a versão remasterizada em IMAX, já em cartaz. Não é a primeira vez que o filme volta à telona. Spielberg comemorou bem o 20º aniversário em 2002, que ainda incluiu o DVD especial com cenas adicionais.
Quem deu corpo à trama foi Melissa Mathison (1950-2015), roteirista de histórias afetuosas sobre a amizade entre seres de diferentes naturezas: o menino e o cavalo em O Corcel Negro (1979), o menino e o peixinho em Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar (2008), animação do mestre Hayao Miyazaki, e a garotinha e o gigante em O Bom Gigante Amigo (2016), seu último trabalho e derradeira parceria com Spielberg.
O estranho ser que o pequeno Elliottt (Henry Thomas) encontra no quintal de sua casa é uma figurinha emblemática já pelo propósito ambientalista que trouxe sua espécie ao planeta Terra. A delicada coleta de plantas que abre o filme sinaliza o instinto pacífico dos aliens, que cultivam um viveiro dentro da própria nave. A inocência é a semente dos laços que se formam entre E.T. e Elliott, que logo o apresenta ao irmão adolescente (Robert MacNaughton) e à caçulinha interpretada por Drew Barrymore, uma fofucha aos 7 anos de idade.
Repare que a criaturinha também promove a união dos irmãos em um momento de desagregação familiar, com a recente separação dos pais em uma época em que o divórcio ainda era tabu. O choro contido da mãe (Dee Wallace) quando mencionam o ex-marido é comovente. E o que dizer da turma de amigos do mais velho, que ajuda na fuga quando E.T. é capturado por cientistas. Nada se compara, porém, à ligação quase simbiótica com Elliott, o coração que pulsa iluminado e o dedo mágico que une essas duas almas para todo o sempre.
Mas, como bem dizia Dorothy em O Mágico de Oz, “Não há lugar melhor que o nosso lar”. E.T. precisa “ligar pra casa” para poder ser resgatado, e o amigos humanos abraçam seu desejo. Spielberg conduz a aventura com seu eterno espírito de Peter Pan, sem nunca carregar no drama, mesmo nas tensas sequências das intervenções médicas. Embora esteja disponível no Prime Video, ver ou rever o blockbuster nos cinemas é atração imperdível para todas as gerações, porque a magia da sala escura continua insubstituível.
Trailer
Ficha Técnica
Título: E.T. - O Extraterrestre/E.T. The Extra-Terrestrial
Direção: Steven Spielberg
Duração: 115 minutos
País de Produção/Ano: EUA, 1982
Elenco: Henry Thomas, Drew Barrymore, Dee Wallace, Robert MacNaughton, Peter Coyote, C. Thomas Howell
Distribuição: Universal Pictures
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