Escritoras do passado: O desafio

Está em cartaz nos cinemas o drama Colette, cinebiografia da francesa que sacudiu o mundo das letras no início do século 20 com romances despudorados e atitudes e ideias pra lá de ousadas para a época.

Como mostra o filme estrelado por Keira Knightley, porém, ser escritora foi tarefa árdua não só para Colette, mas para outras jovens contemporâneas, hoje autoras consagradas e reverenciadas mundialmente.

Nesta lista celebramos a arte da poetisa Emily Dickinson e das irmãs Emily, Charlotte e Anne Brontë, cujas vidas também ganharam os cinemas, em duas produções requintadas que estão disponíveis em streaming.

Além das Palavras/A Quiet Passion

O drama escrito e dirigido por Terence Davies (Amor Profundo) revisita rapidamente a juventude da poetisa Emily Dickinson, para então focá-la na maturidade.

Nascida na Massachusetts de 1830, Emily pertencia a uma família rica, tinha um pai advogado (Keith Carradine) e um casal de irmãos. Embora muito religioso, o clã era mente aberta e impressiona como o patriarca é flexível diante das ideias modernas dos filhos. Mas tudo tem limite e Emily viu sua verve literária tolhida por uma sociedade machista. Seu legado só foi reconhecido postumamente.

A relação com a irmã Vinnie rende cenas fraternas, mas as melhores são as conversas com uma amiga sem papas na língua. A reclusão dos últimos anos é melancólica, e o filme ilustra cada um desses estados de espírito da personagem com extratos de suas poesias. Cynthia Nixon acerta o tom dramático, enquanto Jennifer Ehle quase rouba a cena como Vinnie.

Ficha Técnica

As Irmãs Brontë/To Walk Invisible: The Bronte Sisters

Não confunda com o filme homônimo de 1979, estrelado por Isabelle Adjani e Isabelle Hupert. O rosto mais conhecido dessa produção para a TV britânica é o de Jonathan Pryce, como o pai da família Brontë.

Autoras dos clássicos O Morro dos Ventos Uivantes, Jane Eyre e Agnes Grey, Charlotte (1816-1855), Emily (1818-1848) e Anne (1820-1849) penaram para ser reconhecidas intelectualmente.

Assim como outras escritoras da época, inicialmente elas lançaram seus poemas e romances sob pseudônimos masculinos: Currer, Ellis e Acton Bell. Jane Austen, outro exemplo, publicava anonimamente.

A trama explora tanto os percalços na área literária quanto na doméstica. O irmão delas, Branwell, era um delinquente cujas irresponsabilidades trouxeram constrangimento ao clã e dificultaram ainda mais a carreira da trinca de talento.

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