Indicado a 10 Oscar e vencedor das estatuetas de melhor ator (Brad Pitt) e direção de arte, Era Uma Vez em... Hollywood não só é um dos melhores filmes Quentin Tarantino, mas um momento triunfal de sua trinca central: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie. DiCaprio reencontra o cineasta depois de viver um cruel fazendeiro em Django Livre, mas Pitt e Margot inauguram a parceria.
Selecionamos três ótimos filmes, com performances que colocaram cada um deles na briga pelo Oscar, e que estão disponíveis em plataformas de streaming. Curiosamente, todos são inspirados em histórias reais. DiCaprio finalmente levou a estatueta pelo tour de force de O Regresso, Pitt concorreu por O Homem Que Mudou o Jogo e Margot quase levou pela acachapante interpretação da patinadora Tonya Harding no polêmico Eu, Tonya.
Drama Aventura

O Regresso/The Revenant
Por FÁTIMA GIGLIOTTI
O filme que finalmente trouxe o Oscar de melhor ator a Leonardo DiCaprio recebeu 12 indicações. Levou também as estatuetas de direção e fotografia, para os mexicanos parceiros Alejandro G. Iñárritu e Emmanuel Lubezki, de Gravidade e Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância). DiCaprio havia sido indicado por Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador (1993), O Aviador (2004), O Lobo de Wall Street (2013) e Diamante de Sangue (2006). Isso sem mencionar o esquecimento do ator nas 13 indicações de Titanic (1997).
Adaptação do romance homônimo de Michael Punke, O Regresso é baseado em fatos que se tornaram lenda sobre os caçadores da Companhia de Peles Montanhas Rochosas. Bandeirantes do interior inóspito dos Estados Unidos, em torno das terras inexploradas e geladas do Missouri, eram constantemente sujeitos a ataques de animais selvagens e índios pouco amistosos na defesa de suas terras.
Hugh Glass, o protagonista, além de ser um dos melhores caçadores do grupo é também o pai de um garoto mestiço que o acompanha nas expedições. Em 1823, Glass fica gravemente ferido após ser atacado por uma fêmea de urso-cinzento. Abandonado pelos colegas no pior dos invernos, entre eles o amigo John (Tom Hardy, Venon) e o jovem Bridger (Will Poulter, Maze Runner: A Cura Mortal), ele ainda vê o filho ser morto a sangue frio. Mas sobrevive aos ferimentos, à fome e à floresta rumo a um único objetivo, a vingança, embalado pelas memórias da esposa e do filho perdidos.
Para ser condizente com a lenda e a cruzada do protagonista, Iñárritu quis filmar apenas na luz natural do inverno, primeiro em Alberta, no Canadá, depois em Ushuaia, na Argentina, uma hora e meia por dia, quando conseguia a iluminação pretendida. Era então que entrava Lubezki com seus prodigiosos planos-sequências para captar a beleza invernal, a grandiosidade hostil, a força inescapável da natureza. O Regresso não é um filme fácil, porque exala em todos os seus elementos o sofrimento inimaginável de Hugh Glass. Se é também uma jornada inspiradora de coragem e superação, é você, espectador, quem vai dizer.
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Ficha Técnica
TÃtulo: O Regresso/The Revenant
Direção: Alejandro G. Iñárritu
Duração: 156 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA/Hong Kong/Taiwan, 2015
Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter, Domhnall Gleeson, Forrest Goodluck
Distribuição: Fox
Drama Biografia

Eu, Tonya/I, Tonya
Em 2017, Margot Robbie estava sob os holofotes depois que sua desmiolada Arlequina roubou a cena do elenco masculino de Esquadrão Suicida. Pouco antes, a australiana havia deixado o público boquiaberto com sua beleza em O Lobo de Wall Street, Golpe Duplo e A Lenda de Tarzan. Ela bem que tentou se enfeiar para estrelar Eu, Tonya. Não conseguiu, mas provou que é muito mais que uma beldade e garfou uma indicação ao Oscar de melhor atriz.
No mundo da patinação artística, o Axle é um salto que se dá apenas com um pé tocando o gelo e o movimento do corpo faz o patinador decolar. Em 1991, Tonya Harding se tornou a primeira americana a executá-lo, mas entrou para a história por um dos maiores escândalos do esporte: a acusação de ser mentora do ataque que tirou sua rival, Nancy Kerrigan, de uma competição.
Eu, Tonya é uma história estarrecedora não pela sabotagem em si, mas pela trajetória disfuncional da atleta. O roteirista Steven Rogers (Lado a Lado) entrevistou Tonya e o ex marido, Jeff (Sebastian Stan). Os pontos de vista só batiam em um quesito: o monstro que era LaVona, a mãe de Tonya. Allison Janney ganhou o Oscar de atriz coadjuvante pela interpretação dessa mulher odiosa, que pisava com crueldade na autoestima da filha. A dupla perspectiva dos eventos, com os relatos de Tonya e Jeff, dá sabor ao enredo, que cobre desde a infância da esportista até o julgamento.
É uma visão bem distinta da divulgada pela mídia na época, que massacrou a acusada. A ideia não é eximir sua culpa, mas de certa forma compreender a mente dessa jovem abusada pela mãe e pelo marido, que tinha na patinação seu único prazer na vida. O diretor Graig Gillespie (Horas Decisivas) arrancou atuações impressionantes. É sua trinca central que engrandece os bastidores desse episódio real, até então restrito à crônica policial norte-americana.
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Ficha Técnica
TÃtulo: Eu, Tonya/I, Tonya
Direção: Graig Gillespie
Duração: 120 minutos
PaÃs de Produção/Ano: Reino Unido/EUA/Catar, 2017
Elenco: Margot Robbie, Sebastian Stan, Allison Janney, Julianne Nicholson
Distribuição: California Filmes
Drama

O Homem que Mudou o Jogo/Moneyball
Billy Beane, o personagem de Brad Pitt em O Homem que Mudou o Jogo, revolucionou o mundo do beisebol com um método de escalação que ia contra todos os paradigmas do esporte. Ex-jogador e gerente geral de um timeco da Califórnia, ele se uniu a um economista nerd de Yale e se baseou em estatísticas para avaliar jogadores e converter o parco orçamento que tinha em um grupo competitivo. Resumindo: custo e benefício. Ainda na gerência do Oakland Athletics, hoje ele brada suas teorias de mais valia como palestrante, mas na temporada de 2002, quando tudo isso começou, atravessou um campo minado e foi contra a instituição esportiva sob a ameaça de ficar desempregado se a ousada cartada não funcionasse.
Quem conta essa história é o diretor Bennett Miller (Capote), a partir do roteiro assinado por Steven Zaillian (Gangues de Nova York) e Aaron Sorkin (A Rede Social), que adaptam o livro de Michael Lewis. O personagem é uma criação notável de Brad Pitt, que elabora todo um gestual, com manias e superstições para esse legítimo Davi diante de um Golias cheio de tentáculos: dos olheiros veteranos, passando pelo técnico do time até os próprios jogadores – todos avessos às mudanças. O astro emplacou a terceira indicação ao Oscar, depois de disputar como coadjuvante por Os 12 Macacos (1995) e na categoria principal por O Curioso Caso de Benjamin Button (2008).
Não há em O Homem que Mudou o Jogo sequências eletrizantes de home runs, strikes e rebatidas sensacionais. O jogo de que se fala aqui é o dos bastidores, da negociação e venda de jogadores e de toda a grana e politicagem que dita as regras dessa batalha fora dos gramados. Miller faz um filme de miudezas e ainda abre espaço para as relações familiares nessa trama em que a vida e o esporte estão na mesma encruzilhada. Atenção também para Jonah Hill (O Lobo de Wall Street), indicado ao Oscar de coadjuvante pelo papel do economista Peter Band, jovem fera em estatística que montou o método de avaliação com Beane.
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Ficha Técnica
TÃtulo: O Homem que Mudou o Jogo/Moneyball
Direção: Bennett Miller
Duração: 133 minutos
PaÃs de Produção/Ano: EUA, 2011
Elenco: Brad Pitt, Jonah Hill, Philip Seymour Hoffman
Distribuição: Sony