White Boy Rick

Inédito nos cinemas brasileiros, White Boy Rick resgata um capítulo singular – para não dizer trágico – da crônica policial norte-americana. Nos anos 80, Richard Wershe Jr. tinha 14 anos quando se tornou o mais jovem informante do FBI, e aos 17 foi condenado à prisão perpétua por tráfico de droga. Embora não fosse um crime violento, a quantidade de cocaína que ele carregava selou o tempo de cadeia.

Essa história real toma a forma de drama familiar com toques de policial. Estreante no cinema, Richie Merritt usa a falta de experiência a seu favor como o protagonista, um jovem ingênuo, metido a espertalhão, abandonado pela mãe e criado pelo pai em uma decadente Detroit. O ambiente caseiro não pode ser mais tóxico. Interpretado por Matthew McConaughey, o patriarca (mal) paga as contas com bicos nem sempre lícitos, e um deles é a revenda de armas - o filho entra na lida junto. A irmã do rapaz é uma “drogatita” perdidaça, e os avós, que moram ao lado, são o que há de mais normal no clã.

Batizado de White Boy Rick por ser o único membro branco de uma gangue local, ele desperta o interesse do FBI e recebe uma grana preta como informante. Não haveria um filme se a vida de infiltrado tivesse dado certo, claro. O diretor Yann Demange (71: Esquecido em Belfast) costura os problemas domésticos com a trama policial, mas sem muita criatividade.

O que chama a atenção em White Rick Boy é o calibre do elenco. Além da revelação Merritt, repare na atriz que faz a irmã drogada – Bel Powley é inglesa, mas não há um rastro do sotaque britânico. Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados) veste bem o papel da agente do FBI e McConaughey encarna com naturalidade o pai com baixa autoestima. Mas, cá entre nós, desde que ganhou o Oscar por Clube de Compras Dallas (2013) – mesmo ano em que deu show em O Lobo de Wall Street – o astro está devendo um personagem memorável.

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