Um Lugar Silencioso: Parte II

John Krasinski provocou um estouro em 2018, com um tour de force chamado Um Lugar Silencioso. Ao lado de sua mulher, Emily Blunt (O Retorno de Mary Poppins), e dos atores mirins Millicent Simmonds (Sem Fôlego), Noah Jupe (Nem um Passo em Falso) e Cade Woodward, ele formou a família Abbott, que luta pela sobrevivência em uma Terra invadida por alienígenas carnívoros que caçam pelo som. O mundo ficou em silêncio com eles nessa pequena obra-prima do suspense, premiada com o Oscar de edição de som. A bilheteria respondeu forte. O orçamento de US$ 17 milhões ficou barato diante dos mais de US$ 350 milhões da arrecadação mundial, e a pressão pela sequência fez Krasinski repensar o projeto de um filme único.

Embora sem o elemento surpresa a seu favor, Um Lugar Silencioso: Parte II maximiza o drama ao expandir a narrativa. Morto ao fim do primeiro em sacrifício para salvar sua família, Lee (Krasinski) reaparece em flashbacks que revelam com adrenalina total como foi o Dia 1 do fim do mundo: a chegada das criaturas no planeta, os primeiros ataques e a descoberta do Calcanhar de Aquiles dos bichões. Nos momentos que antecedem o apocalipse, conhecemos brevemente o personagem de Cillian Murphy (série Peaky Blinders), Emmett, um amigo de vizinhança dos Abbott.

Depois desse prólogo de 12 minutos que já nasce clássico, a trama é retomada exatamente do ponto em que parou. Agora com o bebê de colo, Evelyn (Emily), Regan (Millicent) e Marcus (Jupe) caminham por uma área abandonada e caem em uma armadilha que detona a ação e coloca Emmett em cena. Em sintonia com a representatividade, o também roteirista Krasinski passa o bastão do protagonismo para sua heroína adolescente que, assim como a atriz que a interpreta, é deficiente auditiva.

É Regan quem toma para si a missão de se arriscar em direção ao que seria uma comunidade protegida. Nesse fim de mundo, porém, ela vai se deparar com sobreviventes que melhor seria se tivessem servido de alimento aos monstros. Sem dizer uma palavra, Millicent é um imã para o público. Enquanto ela se aventura, os desafios da mãe e dos irmãos seguem em paralelo, com Marcus obrigado a encarar o próprio medo e Evelyn na aflição de deixar ele e o bebê sozinhos para ir atrás de alimento.

Essa bifurcação de núcleos dispersa um pouco a atenção, mas não compromete. A evolução dos personagens é o ponto forte da Parte II, que mantém o ritmo e agrega novos personagens e locações. Krasinski permanece fiel ao “menos é mais” e tira o melhor de seu time estrelado e talentoso. Nunca deixa os efeitos especiais tomar a frente e banha de humanidade a ficção científica. E vem aí a terceira parte.

Ficha Técnica

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