Turma da Mônica - Laços

Quando era pequena, em meados dos anos 70, eu guardava minha coleção da Turma da Mônica em caixas de sapato. Eram dezenas de gibis, alguns dos quais tinham as páginas gastas por conta das releituras das histórias preferidas. Minha personagem querida era Magali, comilona e magrela. E a Tina, claro... Queria ser como ela quando crescesse.

Se tudo começou quando Mauricio de Sousa lançou um quadrinho do Bidu em 1959 (a Mônica surgiu em 1963), são exatos 60 anos da pedra primordial dessa saga cartunesca que tem seu lugar no imaginário e no coração de três gerações de brasileiros. Pois não foi à toa que Turma da Mônica – Laços, a primeira versão live-action dos personagens do Bairro do Limoeiro, atraiu mais de 1,5 milhão de pessoaos aos cinemas. 

Montador indicado ao Oscar por Cidade de Deus e diretor de Bingo: O Rei das Manhãs, o cineasta Daniel Rezende realiza o sonho dos fãs de ver os personagens em carne e osso, ao adaptar a obra Laços. Lançada em 2013 pelos irmãos Vitor e Lu Cafaggi, tornou-se a graphic novel nacional mais vendida do País. Mônica (Giulia Benite), Cascão (Gabriel Moreira) e Magali (Laura Rauseo) vão ajudar Cebolinha (Kevin Vechiatto) a desvendar o sumiço do cão dele, Floquinho, sequestrado pelo Homem do Saco. O quarteto se aventura sozinho pela floresta do Parque das Andorinhas para tentar encontrá-lo.

O elenco infantil é um achado. Difícil dizer quem tem mais carisma – voto pelo Cascão. Rezende recheia essa caprichada produção com easter eggs e personagens populares, inclusive um que não está no HQ original: o emblemático Louco. Na pele de Rodrigo Santoro (outro fã confesso da turma), são dele as cenas mais líricas. Monica Iozzi dá vida a Dona Luísa, Paulo Vilhena é Seu Cebola, Fafá Rennó interpreta a Dona Cebola e Ravel Cabral é o Homem do Saco.

Do colorido figurino aos detalhados cenários, Laços honra o universo lúdico criado por Mauricio de Sousa, e através do qual ele planta sementinhas do bem em seus leitores. Para a busca por Floquinho dar certo, Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão terão de superar desafios ligados às suas características mais marcantes - a braveza, o egocentrismo, a gula e o medo de água.

São os laços de amizade que falam mais alto nessa história repleta de boas intenções, talvez inocente demais para a geração videogame. Se há uma deslize nessa receita, é a insistência do diretor em fazer seu elenco mirim chorar mais de uma vez – não precisava. Turma da Mônica – Laços abre a temporada de férias com alegria e diversão. Que seja só o começo da franquia Mauricio de Sousa nos cinemas. O cartunista, por sinal, faz uma emocionante aparição à la Stan Lee.

Ficha Técnica

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