segunda, 23 de junho de 2025
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Pássaros de Verão


Pássaros de Verão
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É muito raro que uma produção cinematográfica dê conta de abarcar tanto o ficcional como o documental num registro fabular. E, mais ainda, que o faça com uma estética deslumbrante, narrativa de lirismo e horror e um compromisso declarado com a história, no caso, colombiana, dos primórdios do tráfico da maconha para os Estados Unidos a partir dos anos 1960. Não é à toa que Pássaros de Verão, após a estreia internacional na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, conquistou 17 prêmios ao redor do mundo, entre eles o de Melhor Filme no Festival de Havana, Melhor Filme – Menção Honrosa no Festival de Londres e Melhor Roteiro no Festival do Cairo.

Em duas horas (que voam) e cinco Cantos - “As Ervas Selvagens”, “As Covas”, “Prosperidade”, “A Guerra” e “O Limbo” – no clássico estilo grego de Homero, os diretores Ciro Guerra e Christina Gallego, respectivamente diretor e produtora do elogiado O Abraço da Serpente, encenam a ascensão e queda do clã Pushaina face ao comércio ilegal da maconha na Península de La Guajira, território da população indígena uaiú na Colômbia. O filme tem argumento de Christina, com roteiro baseado em fatos e no folclore dos uaiú.

Pássaros de Verão

Tudo começa com a preparação do ritual de apresentação da bela Zaida (Natalia Reyes, que está no elenco de O Exterminador do Futuro – Destino Sombrio) como uma jovem casadoura, segundo a tradição uaiú. Pouco depois, o jovem Rapayet (José Acosta), que não pertence ao clã dos Pushaina, traz os valiosos dotes pedidos pela matriarca Úrsula (a veterana Carminã Martínez) para se casar com a filha dela, Zaida.

Foi para cumprir a exigência do dote que Rapayet, estimulado pela demanda de um grupo de hippies em visita ao país como membros de uma associação contra o comunismo, entra para o ainda iminente tráfico de maconha para a América, em sociedade com um primo responsável pelo cultivo da erva, e um “alijano” (não-uaiú). O ano é o icônico 1968, e nas duas próximas décadas a família e o clã de Rapayet vão prosperar, sair das casas de sapé para uma mansão, trocar o ancinho por metralhadoras, os amigos por capatazes, se tornar uma poderosa gangue da máfia do tráfico.

Pássaros de Verão

Dito assim, pode parecer mais um filme de ação sobre a máfia colombiana ligada ao tráfico de drogas. Ledo – e triste – engano. Com roteiro, fotografia e produção impecáveis, Pássaros de Verão é um drama magistral e universal sobre o autoextermínio das tradições centenárias de uma comunidade nativa provocado pelos apelos sedutores do capital abundante, criminoso. Para a codiretora Cristina Gallego, ciente da fama de seu país como expoente mundial do tráfico de drogas, o filme responde a um desejo de investigar o que acontecia por trás disso: “é o que vemos em Pássaros de Verão, a tragédia de uma família que, metaforicamente, representa uma nação”. Várias nações, infelizmente.




Trailer

Ficha Técnica

Título: Pássaros de Verão/Pájaros de verano
Direção: Cristina Gallego, Ciro Guerra
Duração: 125 minutos

País de Produção/Ano: Alemanha/Colômbia/Dinamarca/França/México/Suíça, 2018
Elenco: Carmiña Martínez, José Acosta, Natalia Reyes, Jhon Narvaez, Greider Meza, Jose Vicente, Juan Martínez
Distribuição: Arteplex

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Fátima Gigliotti

Fátima Gigliotti

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Cinéfila incorrigível, jornalista, editora, professora (não muito), crítica (chatinha) de cinema e audiovisual. Trabalhou no jornal A Folha de São Paulo, na coleção Cinemateca Veja, nas revistas TVA, Ver Vídeo, Set, Querida e Preview.