Os Mercenários 4

Quando o projeto Os Mercenários surgiu, em 2010, os amantes do cinema tiro, porrada & bomba ficaram eufóricos. Capitaneado por ninguém menos que Rambo, quer dizer, Sylvester Stallone, o filme resgatou ícones do gênero daquela década, abriu espaço para a nova geração (Jet Li e Jason Statham) e agregou feras da luta convertidos à sétima arte (Steve Austin e Randy Couture). E não faltou a “cota” feminina, na pele da brasileira Gisele Itié. Os Mercenários 2 (2012) veio rápido e com medalhões como Jean-Claude Van Damme, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger e Chuck Norris. Scott Adkins era o novato e Nan Yu a mulher da turma. Em 2014, Os Mercenários 3 raspou o caldeirão saudosista com Wesley Snipes, Mel Gibson e Harrison Ford. Antonio Banderas era o rookie da vez e Ronda Rousey imobilizou duas categorias: meninas e pancadaria. Agora, nove anos depois, Os Mercenários 4 parece jogar a toalha para a lacração com cotas racial, étnica e, em dose dupla, feminina. Será?!?  

O veterano Barney (Sylvester Stallone) brinca de dar sinais de que o tempo está cobrando sua conta, mas não hesita em encarar uma nova missão com sua equipe de guerrilheiros matadores. Para evitar que um poderoso armamento inicie um conflito internacional de proporções gigantescas, ele recruta os parceiros de sempre, Lee (Jason Statham), Gunner (Dolph Lundgren) e Toll (Randy Couture), e novos soldados devidamente habilitados para o perigo. Apesar de muito experiente, a equipe é surpreendida por algo terrível, que muda os rumos da operação e insere Andy Garcia na trama. 

Sem qualquer preocupação com a verossimilhança, o roteiro de Kurt Wimmer (O Vingador do Futuro) e parceiros inexperientes não deixa pedra sobre pedra no quesito violência, esperado pelos fãs. Ao remontar ao clássico conflito da Guerra Fria, Expand4bles (título original) faz jus ao tempo que reverencia. Para quem ficou preocupado com uma possível abertura de Stallone para a agenda progressista e enjoativa, muita calma nessa hora. Sly soube administrar as demandas hollywoodianas ao escalar Easy (50 Cent), Gina (Megan Fox), Galan (Jacob Scipio) e Lash (Levy Tran) como recrutas. O humor continua presente, mas não é mais o mesmo sem as piadas e sacadas dos clássicos do gênero, produzidos por Golan-Globus.

Ainda sobre o elenco, grande acerto ao escalar o tailandês Tonny Jaa (da franquia Ong-Bak) e o indonésio Iko Uwais (Operação Invasão), experts em artes marciais cujas coreografias rendem muito em produções onde são protagonistas. Sob o comando de Scott Waugh (Need for Speed: O Filme), a equipe apresenta um verdadeiro balé sangrento. Cheio de sequências insanas de perseguição, aditivadas pelo trinômio “TPB” (citado na abertura), sobram mutilações e jorros de sangue, mas tudo soa burocrático, sem o vigor de outrora. Da eclética trilha sonora, destaque para a ótima “(Don't Fear) The Reaper”, do Blue Oyster Cult, “Backbone” (Kaleo) e, nos créditos finais (não tem cena adicional), “The Boys Are Back in Town”, clássico dos irlandeses Thin Lizzy.

Ficha Técnica

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