Os Luminares

Exótica. Talvez seja a palavra que melhor descreve a minissérie Os Luminares, exclusiva da plataforma Reserva Imovision. A trama é ambientada na Nova Zelândia nos idos de 1860, cerca de um século depois de o navegador inglês James Cook iniciar a colonização europeia na Oceania. Os aborígenes maoris entraram em confronto com a nova população, basicamente formada pela escória britânica, um bando de condenados deportado para servir de mão de obra.

Essa é a típica fauna humana que transita pelas ruas lamacentas da pequena Hokitika, na Costa Oeste neozelandesa, principal cenário de Os Luminares. Daí o estilo doce e inocente da protagonista ser tão destoante. Seu nome é Anna Wetherell (Eve Hewson, série Por Trás de Seus Olhos) e é no convés de um navio que conhece Emery Staines (Himesh Patel, Yesterday). Os dois emigraram da Inglaterra para tentar a sorte na corrida do ouro. Seus passados são obscuros, mas a sintonia é imediata. Mais do que isso.

Há uma conexão astral entre esses dois, que começa a ser explicada pela enigmática Lydia Wells (Eva Green, Dumbo), uma prostituta de luxo que atrai clientes com seu conhecimento astrológico e esotérico. Ela será o porto (nem tão) seguro de Anne em sua jornada de encontros e desencontros com Emery. Ao redor de Lydia gravitam o marido, Crosbie Wells (Ewen Leslie, A Filha), e o amante, Francis Carver (Marton Csokas, O Protetor). Um misterioso assassinato é o motor da narrativa, estruturada fora da ordem cronológica.

Na astrologia, o sol e a lua são os luminares, o rei e a rainha dos céus. Representam luz, claridade e, consequentemente, visão. Pode-se também entender iluminação no sentido de elevação espiritual. Embasado no zodíaco, o enredo de Os Luminares explora conceitos instigantes como sinergia cósmica, gêmeos astrais e lei da atração. É preciso embarcar em um certo realismo fantástico, que justifica acontecimentos extraordinários.  

Os Luminares é uma criação da neozelandesa Eleanor Catton (roteirista de Emma.), que escreveu os seis episódios inspirada no próprio livro. Em 2013, o romance com quase 900 páginas tornou a autora, aos 28 anos, na mais jovem vencedora do prestigiado Man Booker Prize. Os jurados do prêmio na época ponderaram que não se trata de uma obra fácil, que demanda investimento do leitor para atravessar o início lento, mas que há recompensa adiante. Curiosamente, a série também demorar a engrenar, então não desista. Há recompensa adiante.

Ficha Técnica

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