Os Fantasmas Ainda se Divertem

Em 1988, Tim Burton provocou medo em alguns e divertiu outro tanto com seu segundo longa-metragem Os Fantasmas se Divertem. Na trama, um jovem casal de fantasmas escala o endiabrado Beetlejuice para expulsar os novos moradores “vivos” da casa em que habitam. Fantasia gótica com personagens tão excêntricos quanto sombrios, a comédia de terror foi uma vitrine do estilo único do cineasta, que virou cult com novos sucessos de público e crítica. Entre eles, Batman (1989), Edward Mãos de Tesoura (1990), A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999) e Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (2003).

Os Fantasmas Ainda se Divertem chega trinta e seis anos depois para mostrar que Burton mantém intacta sua verve bizarra. A chave para aproveitar a segunda parte é ver ou rever o original, disponível nas plataformas Max, Prime Video, Google Play e Apple TV. Michael Keaton volta inspiradíssimo como Beetlejuice, ainda macabramente romântico. Na trama, uma morte inesperada reúne três gerações da família Deetz na assombrada casa em Winter River: a matriarca Delia (Catherine O’Hara), a filha Lydia (Winona Ryder) e a neta Astrid. Novidade no elenco, Jenna Ortega assume a personagem em nova parceria com Burton após a série Wandinha (2022).

Enquanto Delia e Lydia lidam com o tenebroso passado na moradia, Astrid se aproxima de Jeremy (Arthur Conti), um jovem da vizinhança que é tão antissocial quanto ela. Burton dá um jeitinho de incluir Monica Bellucci, sua atual namorada, na produção. A estrela italiana faz uma “noiva Frankenstein sugadora de almas”. Participação meio sem graça, mas que no fim serve como ponte entre humanos e almas penadas. Sim, porque uma bem-vinda reviravolta obriga Lydia, que nunca superou o medo do Besouro Suco, a pedir sua ajuda. O reencontro da dupla é antológico, uma vibração que extravasa a tela e arranca gritos e aplausos da plateia no cinema.

Outros adendos estrelados do elenco são Danny DeVito, Justin Theroux e Willem Dafoe. Todos obviamente fãs do original, que entram com vontade na grande farra que parece ter sido os bastidores. Se o primeiro levou o Oscar de maquiagem, este aqui merece o de direção de arte. Do sótão da casa onde fica a maquete que serve de portal entre mundos, passando pelo hall de recepção aos novos mortos e o escritório de Beetlejuice, tudo é um convite ao bizarro e amado mundo do cinema de Tim Burton.

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